Os indígenas da etnia terenas desbloquearam, após oito horas, o tráfego de veículos na BR-163, na saída para Cuiabá, em Campo Grande. A manifestação teve início por volta das 5h30 da madrugada de hoje e só terminou após negociação com o procurador da República Emerson Kalif Siqueira, que foi ao local. O administrador da Funai, João da Silva, e o superintendente da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Valter Favaro, também participaram das negociações.
Os indígenas, que reivindicam demarcações de terras que consideram como suas na região da divisa entre Sidrolândia e Dois Irmão do Buriti (a sudoeste da Capital), deixaram o local Kalif conversar com representantes da procuradoria-geral da 3ª Região, e garantir a eles que o assunto seria discutido posteriormente. Os manifestantes são da aldeia Córrego do Meio, em Sidrolândia, de onde saíram por volta das 22 horas da noite de ontem. Na Capital, chegaram por volta das 5h30 de hoje, quando começaram o protesto, no quilômetro 498. A estrada foi bloqueada com galhos e pneus em chama.
“Queremos que o presidente Lula – Luiz Inácio Lula da Silva - tome conhecimento da nossa luta. Em São Paulo [refere-se ao Tribunal Regional Federal da 3ª Região, responsável por julgar processos também em Mato Grosso do Sul] já deu uma andada grande, mas, não sai de lá”, diz o cacique Basílio Jorge. Conforme o líder indígena, não há previsão para que os manifestantes saiam.
Basílio Jorge explica que atualmente cerca de 4,6 mil pessoas moram na área indígena onde fica a Córrego do Meio atualmente, em um espaço de 2,4 mil hectares. Os índios querem que a área aumente para cerca de 15 mil hectares. “Temos dois estudos antropológicos feitos sobre as fazendas [que circundam a aldeia]. Os dois mostram que são terras de nossos antepassados, que são terras indígenas”, explica Basílio. Em uma das fazendas próximas, existe, conforme estudo antropológico – explica Jorge – um cemitério indígena.
Estudos comprovam que terra é indígena
A aldeia Córrego do Meio é uma das oito que forma a área indígena Buriti (na divisa entre os municípios de Dois Irmãos do Buriti e Sidrolândia). Os indígenas já entraram com recursos por diversas vezes para conseguir o direito de retomada das terras consideradas indígenas, hoje, ocupadas por fazendeiros. Estudos antropológicos mostrariam que as atuais fazendas fazem parte do antigo território índio. Um dos estudos é o do professor com pós-doutorado em Antropologia Levi Marques Pereira, que atua na UFGD (Universidade Federal da Grande Dourados).
Finalizado em 2003, a pesquisa “Perícia arqueológica, antropológica e histórica da área reivindicada pelos Terena para ampliação de limites da Terra Indígena Buriti, município de Sidrolândia e Dois Irmãos do Buriti, Mato Grosso do Sul, Brasil” foi desenvolvida para a Justiça Federal em Mato Grosso do Sul e constituiu-se em um trabalho de peritagem com o objetivo de avaliar se a área reivindicada pelos Terena para ampliação de limites da Terra Indígena Buriti era, de fato, de ocupação tradicional indígena, conforme estabelecido no Art. 231 da Carta Constitucional de 1988. A conclusão da pesquisa, feita com todo rigor cientifico, é de que “as pesquisas arqueológicas, antropológicas e históricas atestaram tratar-se de uma terra de ocupação tradicional terena”.
Por: Alessandro Perin, Marcelo Eduardo e Jefferson Gonçalves - (www.capitalnews.com.br)
Veja também:
Indígenas liberam estrada por mais cinco minutos
Procurador não deve ir a manifesto indígena
BR bloqueada deve ser reaberta por 45 minutos, dizem índios
Em Miranda,BR também deve ser aberta por 45 minutos
Índios devem liberar BR por meia hora
Índios Terena param trânsito em BRs e pedem retomada de terras que consideram suas