O procurador de Justiça aposentado por invalidez, Carlos Alberto Zeolla, réu confesso do assassinato do próprio sobrinho Claudio Alexander Joaquim Zeolla no dia 3 de março de 2009, declarou durante o julgamento que está arrependido e jamais imaginou sentar no banco dos réus, após 19 anos servindo o Ministério Público Estadual.
“Jamais imaginei sentar no banco dos réus, mas infelizmente, a partir do momento que puxei o gatilho o passado não tem volta”, disparou Zeolla. O juiz da 1ª Vara do Tribunal do Júri de Campo Grande, Alexandre Ito, leu a denúncia classificada como “emboscada” em que é denunciado por homicídio qualificado por motivo torpe e recurso que impossibilitou a defesa da vítima. O réu foi também pronunciado pela entrega de veículo automotor a pessoa não habilitada.
Após ter confessado o crime, ele disse que agora é um homem que procura entender a palavra de Deus e que virou fiel da Igreja Universal do Reino de Deus, fundada por Edir Macedo. Ele relatou que antes do crime, passou duas noites sem dormir em virtude dos preparativos para fazer um exame, pois havia reduzido o estomago recentemente e acabou escutando outros dois sobrinhos comentarem de que Claudio teria agredido o avô e ele teria sido atendido no hospital.
“Meu sangue ferveu”, contou ele, ressaltando que pegou os dois sobrinhos e foram na casa do avô com a intenção dos três darem uma surra em Claudio, mas não o localizaram. Ele conta que tomou remédio controlado para dormir, mas não surtiu efeito. No dia do crime, 3 de março de 2009, ele foi logo cedo para a casa do pai, por volta das 5 horas, tomou café e viu que tanto o pai quanto a mãe estavam abalados com a situação, mas não queriam registram um boletim de ocorrência para não prejudicar o neto no trabalho.
“Fui criado por um herói de guerra e nunca imaginei meu pai chorando. Meu sobrinho devia respeitar ele em primeiro lugar por ser avô e segundo por ser herói de guerra”. Zeolla faz tratamento desde 2002 e já teve três intervenções.
“´Perdi a cabeça, em um momento de descuido do meu pai, me apoderei da arma dele, um revolver 38, que estava escondido no guarda-roupa, voltei para casa e quando o motorista chegou, eu já tinha colocado um short e escondido a arma”, descreve. Então foi fazer a caminhada no Horto, já com o revólver na cintura e pediu para o motorista levá-lo até a academia em que sabia que o sobrinho frequentava e aguardaram com o carro ligado.
Logo em seguida, ele conta que viu o sobrinho subindo a Rua Bahia com a Pernambuco empurrando a bicicleta com uma das mãos e a outra falava ao celular. Ele relata que nesse momento desceu do carro, tirou o revólver da cintura, não falou com o sobrinho e disparou um tiro na nunca dele, retornando imediatamente ao carro, indo parar na saída para Três Lagoas próximo a um córrego e atirou o revólver. Ele disse que tinha uma troca de roupa no carro, e que nesse momento, já se portava como criminoso. Ele pediu que Etevaldo fosse para a casa dele.
Quando chegaram em casa, haviam três viaturas da Polícia Militar esperando e disseram que tinha um registro de tentativa de homicídio contra o sobrinho dele e que testemunhas viram o carro dele, um Ford Fiesta dourado. Foi nesse momento que ele foi informado que o sobrinho estava fazendo uma cirurgia na Santa Casa, ainda tentou falar com um médico conhecido para tentar salvar o sobrinho, mas o jovem faleceu antes.
Zeolla lembra que o delegado, Jorge Razanalta, pediu que entrasse no carro e foi levado a presença do procurador geral de Justiça na época, Miguel Vieira da Silva, que lhe disse para ser acompanhado por um procurador de Justiça até a delegacia. Zeolla está internado na Clínica Carandá há dois anos e quatro meses. Américo Zeolla, o avô, faleceu um ano e um mês depois do crime e a esposa dele, faleceu três semanas depois da morte de Américo.
Por Gilmar Hernandes e Vinícius Squinelo - Capital News (www.capitalnews.com.br)
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