O agronegócio brasileiro enfrentou sérios desafios em 2024, que devem refletir no setor nos próximos anos. Condições climáticas adversas prejudicaram diversas produções de commodities agrícolas e pecuárias, enquanto problemas econômicos e a inadimplência pressionaram os produtores. O debate sobre protecionismo também se intensificou, complicando ainda mais o cenário.
As condições climáticas, como excesso de chuvas no Rio Grande do Sul, causaram grandes prejuízos na produção de soja, arroz e pecuária. O impacto econômico foi estimado em R$ 12,72 bilhões. O setor de café também enfrentou dificuldades, com irregularidade nas chuvas e seca prolongada, o que fez os preços do arábica e robusta atingirem patamares históricos. A soja e o milho, principais culturas do Brasil, também viram quedas significativas na produtividade devido ao calor excessivo e falta de chuvas.
A inadimplência no agronegócio aumentou em 2024, em razão da queda de preço das commodities e das adversidades climáticas. Os produtores, especialmente, precisaram renegociar suas dívidas, afetando cooperativas e revendas, o que resultou em pedidos de recuperação judicial. O risco de crédito foi reavaliado, e a oferta de linhas de financiamento se tornou mais restrita. A previsão é que esses problemas se intensifiquem em 2025.
A logística também foi um fator crucial, com os custos de transporte global subindo devido a conflitos no Mar Vermelho, o que aumentou drasticamente os custos para o agronegócio brasileiro. O preço do frete de um contêiner saltou de US$ 2.490 para US$ 6.773, impactando a rentabilidade do setor. Além disso, a inflação de 4,84%, o dólar a R$ 6,26 e a Selic a 14,75% afetaram ainda mais o ambiente econômico do país.
O cenário internacional também trouxe desafios, como a crise estrutural na China e os protestos contra o acordo União Europeia-Mercosul, que geraram atritos comerciais. No entanto, a relação Brasil-China se fortaleceu com a assinatura de 37 acordos bilaterais. Por fim, a eleição de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos trouxe novas expectativas de mudanças, que poderão impactar ainda mais o comércio global e a economia emergente.