A Justiça de Mato Grosso do Sul negou, pela segunda vez, o pedido de habeas corpus ao presidente afastado da Federação de Futebol do estado, Francisco Cezário, preso há duas semanas durante a Operação Cartão Vermelho, conduzida pelo Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco).
Após a negativa inicial pelo juiz Eduardo Eugênio Siravegna, responsável pela determinação da prisão, o pedido foi novamente negado nesta terça-feira (5) pela desembargadora Elizabete Anache, presidente da 1ª Câmara Criminal. Agora, o caso será analisado pelo conjunto de desembargadores da mesma Câmara.
A repetida rejeição aos pedidos de habeas corpus remete a uma analogia popular no Programa Fantástico, onde um jogador pode pedir uma música ao fazer três gols em um único jogo, sugerindo a improbabilidade de Cezário conseguir a liberdade em uma possível terceira tentativa.
Detalhes da Operação Cartão Vermelho
A Operação Cartão Vermelho cumpriu sete mandados de prisão preventiva e quatorze de busca e apreensão nos municípios de Campo Grande, Dourados e Três Lagoas. A investigação revelou que, entre setembro de 2018 e fevereiro de 2023, foram desviados mais de R$ 6 milhões da Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul.
Durante as diligências, a polícia apreendeu mais de R$ 800 mil. O nome da operação faz alusão ao cartão vermelho usado por árbitros para expulsar jogadores que cometem faltas graves.
A investigação, que durou 20 meses, descobriu uma organização criminosa dentro da Federação de Futebol, cujo principal objetivo era desviar recursos públicos e privados, seja do Estado de Mato Grosso do Sul, através de convênios e subvenções, ou da Confederação Brasileira de Futebol (CBF).
Uma das táticas utilizadas pela organização incluía saques frequentes e em pequenas quantias, não superiores a R$ 5 mil, para evitar alertar os órgãos de controle. Ao todo, foram realizados mais de 1.200 saques, somando mais de R$ 3 milhões.
O esquema também envolvia o desvio de diárias de hotéis pagas pelo estado para jogos do Campeonato Estadual de Futebol. Estabelecimentos comerciais recebiam altas quantias da Federação, devolvendo parte dos valores aos integrantes do esquema.
• Saiba mais sobre a operação “Cartão Vermelho”
A continuidade das investigações e os novos julgamentos sobre o pedido de habeas corpus determinarão os próximos passos no caso de Francisco Cezário.