Entre os dias 18 e 22 de novembro, o Ministério Público do Trabalho de Mato Grosso do Sul (MPT-MS) resgatou trabalhadores em situação análoga à escravidão em fazendas localizadas nos municípios de Nova Andradina e Ribas do Rio Pardo. A operação envolveu 31 trabalhadores indígenas paraguaios e quatro adolescentes brasileiros, que estavam sendo explorados na colheita de mandioca.
O MPT identificou que as vítimas foram trazidas ao Brasil sem imigração formal, configurando um esquema de tráfico humano. De acordo com o órgão, os trabalhadores viviam em condições precárias, sem acesso a direitos básicos, como registro em Carteira de Trabalho e Previdência Social, além de não passarem por qualquer processo formal de imigração. Eles estavam contratados para a "arrancação" de mandioca, mas não possuíam condições mínimas de trabalho.
Na fazenda de Nova Andradina, o MPT constatou que os banheiros eram precários e não havia áreas adequadas para convivência. A alimentação era comprada pelos próprios trabalhadores, que também não receberam exames admissionais ou medidas de saúde ocupacional. Os trabalhadores recebiam uma diária de R$ 130, mas não havia fornecimento de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) e as condições de segurança eram inexistentes.
Em resposta ao caso, o MPT pleiteia R$ 3,7 milhões em danos morais individuais à fazenda de Nova Andradina, que recusou o acordo de conciliação extrajudicial. O processo será judicializado, e o MPT também solicita R$ 37 milhões em danos morais coletivos e R$ 114 mil em verbas rescisórias. Em Ribas do Rio Pardo, a fazenda envolvida aceitou um acordo, e os trabalhadores resgatados receberam um total de R$ 618.750,00 em danos morais individuais, R$ 50.000,00 em danos morais coletivos e R$ 46.970,04 em verbas rescisórias.
O MPT destacou que na fazenda de Ribas do Rio Pardo os trabalhadores enfrentavam condições degradantes, recebendo apenas R$ 25 por “bag” de mandioca colhida. Não havia fornecimento de EPIs e a alimentação era fornecida pelo contratante, mas com o custo do transporte, cerca de R$ 2.000,00, sendo cobrado integralmente dos trabalhadores. Após o pagamento dos direitos, as vítimas foram escoltadas até a fronteira de Mundo Novo, no Mato Grosso do Sul, e retornaram ao Paraguai com o compromisso de regularizar sua documentação e contas bancárias para o recebimento integral de seus direitos.