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Polícia Quarta-feira, 24 de Fevereiro de 2010, 15:17 - A | A

Quarta-feira, 24 de Fevereiro de 2010, 15h:17 - A | A

Motorista esfaqueado durante assalto a ônibus enfatiza respeito aos passageiros

Marcelo Eduardo - Capital News

“Em plena Quarta-Feira de Cinzas, achei que era covardia deixar de levar ele.”

A frase é de Francisco Veimar de Souza, 55 anos, motorista ferido com duas facadas durante assalto a ônibus da Viação Campo Grande, por volta das 22h20 do dia 17. Ele contou hoje (24) como o crime foi praticado. Também teceu comentários a respeito da intenção da Prefeitura da Capital em eliminar as tarifas do transporte coletivo pagas em dinheiro no momento do embarque.

Francisco foi à Delegacia Geral de Polícia Civil (DGPC) durante coletiva com a imprensa.

Ele disse ter sido abordado por um rapaz aparentemente adolescente quando fazia a penúltima volta da linha 409 Vila Popular.

“Ele estava no ponto de ônibus, normal. Deu sinal com a mão, normal. Eu parei, mas eu nem parei no ponto, parei uns cinco metros depois. Em plena Quarta-Feira de Cinzas, achei que era covardia deixar de levar ele. Ele correu. Entrou e já foi dando as facadas. Eu não reagi, mas ele foi dando facadas, eu comecei a colocar a mão, foi então que me acertou aqui também [mostra a mão esquerda].” Por conta dos ferimentos, Francisco precisou de 33 pontos de sutura para fechar as aberturas feitas pelas facadas na barriga, braço e mão.

Somente um passageiro estava no ônibus que fazia o itinerário bairro/centro. Assim que o rapaz começou a atingir o motorista, o passageiro interveio. “O passageiro, já estava atrás da catraca. Assim que o começou a me dar as facadas, o passageiro gritou com ele [não detalhou as falas do passageiro] e veio me ajudar. Isso foi que me salvou porque isso tirou a atenção dele [assaltante]. Ele saio e o passageiro veio me ajudar”, disse a vítima à imprensa.

Amor pelo trabalho

Francisco atua cinco anos como motorista de ônibus. Antes, foi oito anos funileiro. Ele diz que não pretende abandonar o trabalho mesmo depois do susto. Este, é o quarto assalto que sofre quando na direção de ônibus. “Para tirar sangue, foi o primeiro [assalto]”, brinca.

“Não penso em parar. Aprendi duas profissões e pretendo terminar assim trabalhando até me aposentar. Só não sei quando vou poder voltar. Não fiquei com receio. É coisa que acontece. Mas, se soubesse que era assaltante, não tinha parado. É nosso dever transportar as pessoas. Por exemplo, gestantes e pessoas cadeirantes. A gente às vezes, perde tempo, leva multa, mas, é nossa obrigação atender bem”, disse, à imprensa.

 

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Ferimentos causados por faca precisaram de 33 pontos de sutura; mesmo após "susto", motorista diz ter amor ao trabalho e que não pretende deixá-lo
Foto: Deurico/Capital News

Francisco diz que não se lembra se o adolescente levou dinheiro. Com relação à inetnção da Prefeitura em manter somente o cartão como forma de pagamento de passagens, ele diz acreditar que não seria a melhor solução para resolver o problema da falta de segurança. "O assaltante pode ir querer roubar os passageiros. Aí, cria-se o problema para o passageiro."

 

Confusão

A Polícia Civil apurou que além do adolescente de 17 anos que esfaqueou Francisco, outro da mesma idade participava como comparsa, esperando com uma bicicleta para fuga. Na sexta (19), dois dias após assalto – que ocorreu na Avenida Duque de Caxias –, a Polícia Militar apreendeu um deles na madrugada do dia 18 e outro na tarde do mesmo dia.

Apresentou o segundo como se fosse o autor das facadas. Todavia, inverteu os “papeis”, informando que o comparsa era o que desferiu a facada e vice-versa (saiba mais nas notícias relacionadas).

O que fora apontado como autor, foi levado à Delegacia Especializada em Atendimento à Criança e ao Adolescente (Deaij). Mas, logo em seguido liberado porque constatou-se que não era o autor.

 Por: Marcelo Eduardo – (www.capitalnews.com.br)

 

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