O assassinato do cacique guarani kaiowá Marcos Veron, ocorrido em janeiro de 2003 em Juti, no interior de Mato Grosso do Sul, será julgado em São Paulo. O Tribunal Regional Federal da 3ª Região determinou que o Tribunal do Júri ocorra em São Paulo, para garantir a imparcialidade dos jurados e evitar que a decisão sofra influência social e econômica dos supostos envolvidos no crime.
Acampados na terra indígena Takuara, na fazenda Brasília do Sul, os kaiowás sofreram ataques de quatro homens armados que teriam sido contratados para agredi-los e expulsá-los daquelas terras , entre os dias 12 e 13 de janeiro de 2003 . Armados com pistolas, eles ameaçaram, espancaram e atiraram nas lideranças indígenas. Veron, à época om 72 anos, não resistiu às agressões e morreu com traumatismo craniano. Respondem pelo assassinato Estevão Romero, Carlos Roberto dos Santos, Jorge Cristaldo Insabralde e Nivaldo Alves de Oliveira. Em outubro o MPF ofereceu denúncia contra outras 24 pessoas por envolvimento no crime.
Entre os motivos levantados pelo MPF para pedir a transferência do Tribunal do Juri de Dourados (MS) para a capital paulista estão o poder econômico e a influência social do proprietário da fazenda, Jacinto Honório da Silva Filho. Fazendeiro com terras espalhadas por Mato Grosso do Sul e outros estados, Jacinto Honório teria negociado com dois índios a mudança de seus depoimentos. Vítimas da agressão, eles teriam sido contratados para trabalhar em uma de suas propriedades na Bolívia. (O Globo)