"Se não tiver, vou fazer o quê?". Falou em tom de desdenho [jogando ombros para cima] o governador André Pucccinelli (PMDB) ao ser questionado em relação aos comentários de hoje da senadora Marisa Serrano (PSDB). Pela manhã, ela afirmou que o PMDB pode não mais contar com o apoio tucano, que já dura diversos pleitos. Mais que isso, pode perder o apoio do chamado blocão - formado por ao menos PSDB, PPS, DEM, PMDB, PTB - na disputa pela reeleição de Puccinelli ao governo do Estado em 2010. A informação foi dita durante entrevista ao programa de rádio Tribuna Livre.
"Só vou falar em aliança no ano que vem. Para mim, é melhor que todo mundo tenha seu próprio candidato: o PMDB, o PSDB, o DEM", disse André, em evento na Asembleia Legislativa à tarde. Mas, ao ser questionado em relação à reunião que vai acontecer ainda na tarde de hoje, no diretório estadual do PMDB, Puccinelli sorriu e afirmou que está tudo decidido.
Perguntado se no evento de hoje poderia ser decidido o futuro político do senador Valter Pereira e do deputado federal Waldenir Moka, André disse apenas que "já estava decididdo". Indagado se o "que já estava decidido" faria com que Valter e Moka ficassem felizes, sorriu novamente e falou: "Acho que sim." Quando a mesma pergunta foi feita com relação aos prefeitos Nelsinho Trad (Capital) e Simone Tebet (Três Lagoas) - que já teriam, assim como os dois parlamentares citados, os nomes envolvidos entre os possíveis candidatos peemedebistas ao Senado - André calou-se.
Marisa
A decisão seria por inexistência de chances de diálogo com o governador. “O governador André nunca conversou conosco sobre política. Nunca conversou conosco sobre 2010. E nós não temos porque ficar esperando o PMDB. Não estamos atrelados ao PMDB. O PSDB, o Democratas e o PPS podem ter um rumo completamente diferente. Eu disse à nossa turma que nós tínhamos que ver primeiro como é que o PT ia se mexer nessa eleição para chegarmos mais no final do ano, nós discutimos nosso caminho. Então, no final do ano, nós temos uma decisão dos nossos partidos. O governador André tem suas idéias e nós não sabemos quais são e nós não podemos ficar esperando isso.”
Já existe conversas já bastante alinhavadas entre os partidos do blocão, segundo Marisa. E ela vê André caminhar cada vez mais sozinho. “Há uma mudança porque todos os partidos estão conversando, todos, menos o PMDB. Então, me dá a impressão de que eles vão caminhar sozinhos e de que é este o caminho. Se for assim – e a impressão que eu tenho é de que eles estão tomando essa linha – é hora de nós começarmos a mexer os nossos pauzinhos.”
A senadora continua: “Política se faz através da conversa. Todo mundo está se conversando. Tenho conversado muito com o Reinaldo Azambuja, com o Murilo [Zauith], o PPS também. E estamos arrumando nossa vida. A impressão que eu tenho é que o PMDB está tomando outro rumo. Um rumo que não é conosco. Se não é conosco, estamos quebrando provavelmente, uma aliança de muitos anos.”
Segundo Marisa, “o PMDB pode apoiar o Lula com outro palanque”, isso acabaria de vez com as possibilidades – que agora parecem remotas – de que PSDB e PMDB não se divorciem após tantos anos de união. “No Estado, há uma obrigação nossa de apoiar o candidato à Presidência do PSDB, e és assim que vai ser”, diz a parlamentar.
Ao Capital News, quando do lançamento do blocão [em agosto], o deputado estadual Márcio Fernandes (PSDB) afirmara: “Estaremos juntos com o PMDB e o governador André Puccinelli em 2010. Essa aliança já vem dando certo e não tem motivos para deixar de ser mantida. O PSDB já definiu que apoiará o PMDB. Agora só falta acertar como ficará o espaço na majoritária, se vamos ter um vice, senador...”, disse.
Pois é, mas parece que de lá para cá, nada de diálogo com André.
Sobre Dilma ter dois palanques em Mato Grosso do Sul, André afirmara ao Capital News que isso seria impossível. Porém, dias atrás, foi a Brasília e se reuniu com o presidente nacional peemedebista Michel Temer e a ministra-chefe da Casa Civil Dilma Roussef (PT) – candidata de Lula à sua sucessão. Disse que o conteúdo da conversa era um “segredo”.
Já o ex-governador Zeca do PT – que já disse não abrir mão de disputar a chance de voltar ao cargo – conversa bastante com partidos ditos pequenos e com o PDT e DEM. Inclusive, teria indiretamente causado rixa interna no partido da flor vermelha. Os deputados estadual Ary Rigo e federal Dagoberto Nogueira disputam o comando da legenda, com o primeiro apoiando André e o outro Zeca. Até o Dem foi chamado por Zeca. Ele teria conversado com o atual vice-governador Murilo Zauith para dar-lhe chances de tentar ir ao Senado em sua chapa. O DEM é velho adversário do PT, desde o tempo em que ainda era PFL.(modificado às 20:39 para acréscimo de informações)
Por: Alessandro Perin e Marcelo Eduardo - (www.capitalnews.com.br)