Ansiedade, angústia e medo são sentimentos comuns entre os moradores da Serra do Amolar, no Pantanal, após meses enfrentando a seca e, agora, as chamas que se aproximaram das casas. Com apoio do Instituto do Homem Pantaneiro (IHP), um grupo de voluntários da saúde levou atendimento essencial às comunidades entre os dias 28 e 31 de outubro. A psicóloga Daicy Saldanha, uma das voluntárias, relatou as dificuldades e a recepção calorosa dos moradores durante uma entrevista ao programa Rádio Livre, da FM Educativa 104,7.
“O meu trabalho lá foi de acolhimento. Eles têm um histórico de abandono, são pouco vistos, não são ouvidos”, explicou Daicy. Em dois dias de atendimento, a psicóloga ouviu 15 pessoas, a maioria mulheres, aplicando também técnicas integrativas, como Reiki e Crânio Sacral, para aliviar o estresse e os sintomas de ansiedade. “Eles nem sabiam como era o processo, como era a conversa, o atendimento com uma psicóloga”, disse. A proximidade das chamas, que chegaram a cerca de 50 metros das casas, intensificou a ansiedade. “A fumaça entrou em todas as casas, mesmo com eles umidificando toalhas para tentar impedir a entrada. Muitos apresentam sintomas de tosse, sinusite e dificuldade para respirar”, explicou Daicy.
Além do suporte psicológico, a equipe levou atendimento médico e veterinário. O médico infectologista Percival Henrique, a técnica de enfermagem Patricia Colman Costa e a veterinária Iandara Schettert integraram a missão, com apoio logístico da empresa Amapil Táxi Aéreo. Para muitos moradores, o Pantanal é mais que um lugar de moradia; é uma identidade. “Eles se sentem cuidadores daquela terra e não pensam em deixar o local”, contou Daicy, ressaltando a união entre as famílias da região.
A situação de saúde nas comunidades de Barra do São Lourenço e Aterro do Binega foi classificada como emergencial pela equipe do Instituto do Homem Pantaneiro. Apesar da entrega de medicamentos e cuidados veterinários, ainda há necessidade de continuidade no trabalho voluntário. A missão foi organizada com o apoio do Instituto Amigos do Coração e o Instituto do Homem Pantaneiro, uma entidade que desde 2002 se dedica à conservação do Pantanal, atuando em projetos como o Rede Amolar e a Brigada Alto Pantanal, que buscam proteger o bioma e promover o desenvolvimento sustentável.
O IHP, que integra o Observatório Pantanal, continua promovendo ações e diálogos para a preservação do bioma e o bem-estar das comunidades que habitam a região.