A Trígono Capital prevê que o etanol de milho e o biometano terão um papel de destaque no mercado de transição energética nos próximos anos. Segundo o analista de renda variável da gestora, Pedro Resende, a produção do etanol de milho será a principal fonte de crescimento, superando a produção a partir da cana-de-açúcar. Ele destaca que o Capex (investimento em capital) para a construção de plantas de etanol de milho é mais baixo do que para o etanol de cana, o que deve incentivar novos investimentos no setor.
O agronegócio e a indústria automotiva devem se beneficiar do crescimento do mercado de biocombustíveis, com a indústria automobilística já anunciando investimentos de cerca de R$ 130 bilhões devido ao programa Mover. Além de expandir a produção de etanol de milho, o pacote de medidas deve fortalecer os biocombustíveis já consolidados, como etanol e biodiesel, incentivando a adoção desses combustíveis mais sustentáveis.
Outro biocombustível com grande potencial é o biometano, que pode se tornar um protagonista nos próximos anos, trazendo benefícios ambientais e redução de custos. O biometano é produzido a partir da decomposição de resíduos orgânicos, como lixo urbano e dejetos de animais, gerando biogás rico em metano. De acordo com a Abiogás, o Brasil tem o potencial de substituir até 70% do diesel consumido no país por biometano, aproveitando a vasta quantidade de resíduos gerados pelo agronegócio.
Um exemplo desse potencial é o investimento da São Martinho, que está aplicando R$ 250 milhões na produção de biometano a partir da biodigestão da vinhaça em sua unidade Santa Cruz. A produção de 15 milhões de metros cúbicos de biometano por safra pode evitar a emissão de 32 mil toneladas de gases de efeito estufa, o equivalente a 91 mil viagens de caminhão entre São Paulo e Rio de Janeiro. Este tipo de investimento reflete o crescente interesse no biometano como uma alternativa viável e sustentável aos combustíveis fósseis.
O Brasil, com sua matriz energética predominantemente renovável, tem uma vantagem na descarbonização global. O país é responsável por apenas 1,21% das emissões de gases de efeito estufa do mundo, o que o coloca em uma posição favorável, especialmente em comparação com nações como China e Estados Unidos. No entanto, a transição energética e o fortalecimento do mercado de biocombustíveis são fundamentais para manter o Brasil em uma trajetória sustentável, especialmente em um cenário de crescente demanda por energia limpa.