O Ministério da Saúde emitiu uma recomendação aos estados e municípios para intensificarem a vigilância em saúde quanto à possibilidade de transmissão vertical do vírus Oropouche. Em Mato Grosso do Sul, apenas um caso foi registrado neste ano, em Campo Grande.
Detalhes do caso em Campo Grande
Segundo a Secretaria Municipal de Saúde (Sesau), o caso registrado em 12 de junho envolve uma mulher de 42 anos, que contraiu o vírus na cidade de Ilhéus, na Bahia, onde estava de férias. O caso foi tratado como alóctone, ou seja, a doença foi importada de outra localidade.
Um dia após o registro, a Sesau informou que, até o momento, não há foco do mosquito transmissor na Capital.
Recomendação do Ministério da Saúde
A recomendação de intensificação da vigilância foi emitida após o Instituto Evandro Chagas detectar anticorpos do vírus em amostras de um caso de abortamento e quatro casos de microcefalia. “Significa que o vírus pode ser passado da gestante para o feto, mas não é possível afirmar que haja relação direta entre a infecção e os casos de óbito e malformações neurológicas”, explicou o Ministério em nota divulgada na quinta-feira (11).
Orientações para os estados e municípios
O Ministério da Saúde orienta que os estados e municípios intensifiquem a vigilância nos meses finais da gestação e no acompanhamento dos bebês de mulheres que tiveram infecções por dengue, Zika, Chikungunya ou febre de Oropouche. As recomendações incluem:
*Coleta de amostras e preenchimento de fichas de notificação.
*Alertar a população sobre medidas de proteção para gestantes, como evitar áreas com a presença de maruins e mosquitos, instalar telas em portas e janelas, usar roupas que cubram a maior parte do corpo e aplicar repelente.
*Expansão do serviço de detecção
O serviço de detecção de casos de Oropouche foi ampliado para todo o país em 2023, com a disponibilização de testes diagnósticos pelo Ministério da Saúde para toda a rede nacional de Laboratórios Centrais de Saúde Pública (Lacen). Com isso, casos que antes eram concentrados principalmente na Região Norte passaram a ser identificados em outras regiões do Brasil.
Sobre a Febre do Oropouche
A Febre do Oropouche é causada pelo arbovírus Orthobunyavirus oropoucheense (OROV), identificado pela primeira vez no Brasil em 1960. Casos e surtos têm sido relatados principalmente na região amazônica, mas também em outros países das Américas Central e do Sul.
A transmissão ocorre principalmente pelo mosquito Culicoides paraenses, conhecido como maruim ou mosquito-pólvora. Existem dois ciclos de transmissão:
*Ciclo Silvestre: Os hospedeiros são animais como bichos-preguiça e macacos, com o mosquito maruim como transmissor.
*Ciclo Urbano: Os humanos são os principais hospedeiros, com o mosquito maruim como vetor.
Sintomas e prevenção
Os sintomas incluem dor de cabeça, dores musculares e nas articulações, tontura, dor nos olhos, calafrios, náuseas e vômitos. Em cerca de 60% dos pacientes, febre e dor de cabeça persistem por até duas semanas. Não há tratamento específico; o manejo é sintomático e os pacientes devem receber acompanhamento da rede de saúde.
A prevenção se baseia na proteção contra os mosquitos transmissores, adotando medidas como o uso de repelentes, roupas de proteção e instalação de telas em residências.