A concessão da Hidrovia do Rio Paraguai, considerada um dos projetos logísticos mais estratégicos do governo federal, reacendeu o debate entre desenvolvimento econômico e preservação ambiental no Pantanal. Durante audiência pública realizada em Corumbá, a Antaq (Agência Nacional de Transportes Aquaviários) anunciou um investimento de R$ 47 milhões em ações de gestão ambiental e monitoramento da hidrovia, com o objetivo de aliar progresso à conservação de um dos biomas mais ricos do planeta.
O governo federal garantiu que a concessão não representa a privatização do rio, e que as obras de dragagem seguirão padrões técnicos rigorosos, baseados em estudos ambientais. “O investimento em gestão ambiental demonstra a determinação do governo federal em promover o desenvolvimento com responsabilidade”, afirmou Jaime Verruck, secretário da Semadesc (Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação).
Entre as medidas anunciadas, estão:
Monitoramento hidrológico: Instalação de 50 réguas fluviométricas, ampliando a cobertura em relação às atuais 12;
Gestão e inteligência fluvial: Modernização dos sistemas de tráfego (VTS e RIS) com coleta de dados em tempo real, para garantir navegação mais segura;
Sinalização e balizamento: Atualização dos sistemas para permitir operação mesmo em condições adversas;
Dragagem ambientalmente responsável: Com mínima remoção de sedimentos e estudo de impacto ambiental orçado em R$ 16,5 milhões.
O projeto visa transformar a hidrovia em um corredor logístico sustentável, fundamental para o escoamento da produção e o crescimento de Mato Grosso do Sul. “Não se trata apenas de infraestrutura, mas de um pacto com o futuro”, destacou Eduardo Pereira, coordenador de Mineração da Semadesc.
A audiência também foi marcada pela presença ativa da sociedade civil, incluindo comunidades ribeirinhas, pesquisadores e ambientalistas como a Dra. Débora Calheiros, que ressaltaram a necessidade de cuidado redobrado com o Pantanal, dada sua fragilidade ecológica.
A comparação com o Rio Mississippi, citada por autoridades, destacou o potencial de logística fluvial da hidrovia, mas também reforçou a importância de um planejamento cuidadoso. A expectativa é que os investimentos façam da Hidrovia do Rio Paraguai um modelo nacional de eficiência e respeito ambiental, conciliando tradição e modernidade às margens do rio.