Nos próximos dez anos, o setor produtivo de Mato Grosso do Sul enfrentará desafios devido à queda no consumo de carne no Brasil, tendência que pode afetar a dinâmica do mercado estadual. A Embrapa alerta que a diminuição da demanda por proteínas animais exigirá adaptações na cadeia produtiva, com foco em produtos de maior valor agregado. O consumo per capita de carne bovina no Brasil caiu para 24,2 kg em 2023, o menor nível desde 2004, e essa queda deve continuar devido a mudanças nos hábitos alimentares e ao impacto dos preços.
Além das carnes, outros alimentos básicos, como arroz e feijão, também apresentam redução no consumo. A produção de arroz deve se manter estável, mas a queda no consumo per capita é esperada. O feijão, por sua vez, deve ser consumido com menos frequência a partir de 2025. Embora a área de plantio possa aumentar, a diminuição do consumo gera incertezas sobre a viabilidade de expandir a produção desses alimentos no futuro.
Apesar da queda no consumo interno, a produção de carne no Brasil deve crescer, com projeções de 37,6 milhões de toneladas em 2033/34, impulsionando as exportações. No entanto, para o mercado local, será essencial se adaptar a novas demandas, explorando alternativas à produção pecuária e investindo em produtos com maior valor agregado. Rafael Zanoni Fontes, da Embrapa Agropecuária Oeste, destaca que o estado precisa se preparar para essa nova realidade, voltando-se para soluções inovadoras.
Uma tendência crescente que contribui para a queda no consumo de carne é o aumento da alimentação à base de vegetais. Em 2023, 20% dos brasileiros evitaram o consumo de carne, uma mudança impulsionada por preocupações com a saúde, o meio ambiente e o bem-estar animal. Com o crescimento dessa demanda, o mercado de alimentos vegetais tem ganhado força. Restaurantes como o Broto de Bambu, em Campo Grande, já observam uma procura constante por alternativas vegetais, mostrando que, mesmo com desafios, o mercado está se adaptando a esses novos hábitos alimentares.