O presidente afastado da Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul (FFMS), Francisco Cezário, foi internado na noite de ontem após passar mal no presídio militar onde está detido desde o dia 21 de maio, em decorrência da Operação Cartão Vermelho, do Gaeco (Grupos de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado). A internação ocorreu após Cezário receber a notícia do falecimento de sua irmã, Maria Rosa Cezário, o que agravou seu estado de saúde.
Cezário, que comemorou seu aniversário na prisão na terça-feira (4), já havia enfrentado um revés quando a justiça negou, pela segunda vez, seu pedido de habeas corpus. Seu advogado, André Borges, confirmou que Cezário enfrenta um problema cardíaco sério e será submetido a um cateterismo nesta quinta-feira. Borges mencionou que, devido ao estado de saúde do cliente, é improvável que ele participe do funeral da irmã.
Denúncias e investigação
Ontem, o Gaeco apresentou denúncia contra Cezário e outras seis pessoas, também presas desde o dia 21 de maio. A Operação Cartão Vermelho, que resultou na prisão de Cezário, cumpriu sete mandados de prisão preventiva e 14 mandados de busca e apreensão nos municípios de Campo Grande, Dourados e Três Lagoas.
A investigação revelou que, entre setembro de 2018 e fevereiro de 2023, valores desviados da FFMS ultrapassaram R$ 6 milhões. Durante as diligências, a polícia apreendeu mais de R$ 800 mil. A operação foi batizada como "Cartão Vermelho" em alusão ao cartão usado pelos árbitros para expulsar jogadores que cometem faltas graves.
Esquema de desvio
De acordo com o Ministério Público Estadual (MPE), a investigação de 20 meses identificou que uma organização criminosa se instalou na FFMS com o objetivo de desviar recursos provenientes do Estado e da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). O esquema incluía frequentes saques em espécie de contas bancárias da FFMS em valores inferiores a R$ 5 mil para evitar a detecção por órgãos de controle. No total, foram realizados mais de 1.200 saques, totalizando mais de R$ 3 milhões.
Além disso, o grupo também desviava valores de diárias de hotéis pagos pelo Estado em jogos do Campeonato Estadual de Futebol e outros estabelecimentos, devolvendo parte dos valores aos integrantes do esquema.
A continuação da investigação e a resposta da justiça definirão os próximos passos no caso que abalou o futebol sul-mato-grossense.