No decorrer da Audiência Pública realizada nesta quarta-feira (30), na Câmara Municipal da Capital, vereadores da cidade e regiões vizinhas reforçaram a demanda urgente por medidas que visem à duplicação da BR-262. A discussão foi pautada no crescente número de acidentes registrados entre Campo Grande e Três Lagoas nos primeiros oito meses deste ano, superando a totalidade do ano passado. As estatísticas apontam a necessidade iminente de ação.
A Polícia Rodoviária Federal (PRF) forneceu os dados preocupantes: de janeiro a agosto de 2023, foram registrados 118 acidentes, resultando em 141 pessoas feridas e 13 vidas perdidas. Em contrapartida, ao longo do ano de 2022, foram contabilizados 103 acidentes, com 98 feridos e 16 mortos. Esses números não apenas alertam sobre a situação crítica, mas também reforçam a urgência de melhorias na rodovia.
A Audiência Pública também demonstrou o esforço coletivo dos vereadores de Campo Grande e municípios envolvidos para pressionar por investimentos no aprimoramento da rodovia. O aumento significativo do tráfego, especialmente com a implantação de grandes indústrias no setor de celulose em Três Lagoas, adicionou urgência à necessidade da duplicação. Com a conclusão prevista da fábrica da Suzano em Ribas do Rio Pardo e o desenvolvimento esperado da Rota Bioceânica, antevê-se um aumento substancial no fluxo, que pode se tornar um problema ainda maior se levadas em conta as condições atuais da rodovia.
O vereador Beto Avelar ressaltou a importância dessa empreitada para o Estado como um todo, observando que a duplicação é uma necessidade compartilhada. Ele exaltou o esforço conjunto, com autoridades públicas, vereadores, prefeitos, bancadas estadual e federal, e o Governo do Estado, para encaminhar as demandas ao Governo Federal. Com a crescente presença das indústrias de celulose e a perspectiva da Rota Bioceânica, Avelar argumentou que a infraestrutura é imperativa e que soluções paliativas não são suficientes.
O vereador Prof. André Luis, que conduziu a Audiência, relembrando a ausência de acostamento na rodovia quando chegou ao Mato Grosso do Sul em 1991, frisou a demora em implementar melhorias significativas. Ele também destacou a escolha equivocada pelo transporte rodoviário, em detrimento do modal ferroviário, como uma das causas da situação atual. A necessidade de uma infraestrutura atualizada para melhor logística foi enfatizada, argumentando que um Estado bem conectado é mais atraente para investimentos.
No entanto, a implementação dessas melhorias ainda está no início. Alan Nunes Ferreira, chefe de serviços operacionais rodoviários do Departamento Nacional de Infraestrutura de Mato Grosso do Sul (Dnit/MS), explicou que está sendo buscada a delegação de competência para que o Dnit no Estado assuma a elaboração dos projetos. O objetivo é agilizar o processo, em vez de depender dos trâmites em Brasília. Os projetos se distribuiriam em cinco lotes entre Campo Grande e Três Lagoas, e dois ligando Campo Grande a Aquidauana.
O policial rodoviário federal Rafael Verão destacou a necessidade de reforço no policiamento devido ao tráfego significativo, especialmente com o crescimento previsto pela Rota Bioceânica. Claudio Cavol, diretor do Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas e Logística de Mato Grosso do Sul, sublinhou a importância da colaboração entre setor público, iniciativa privada e instituições acadêmicas para pressionar por esses investimentos. Ele prevê um aumento de 20% no movimento com a Rota Bioceânica e mais 10% com a conclusão da unidade da Suzano.
Audiências semelhantes já aconteceram em Três Lagoas e mais se seguirão em outros municípios. Um abaixo-assinado está em andamento para fortalecer o pedido de investimento. A documentação resultante das Audiências, incluindo atas formais, será enviada a deputados federais, senadores, o Governo do Estado e, por fim, ao Governo Federal.