Nesta sexta-feira (11) o Estado de Mato Grosso do Sul completa mais um ano de vida. Desde a divisão em 1977 até hoje, o tempo exibe personagens novos e velhos de uma história de lutas e conquistas que durou muitas décadas para ser conquistada.
Sergio Cruz, deputado estadual na época da divisão de Mato Grosso, diz que "a primeira tentativa de se criar um novo estado ocorreu, em 1892, por iniciativa de alguns revolucionários. Foi uma luta armada que acabou não dando em nada", afirma.
Em 1932, foi criada a Liga Sul-Mato-Grossense por estudantes no Rio de Janeiro que lutaram pela autonomia do sul.
Sergio Cruz afirma que "um dos fatos importantes que não é abordado quando se fala na divisão do Estado é que a mola propulsora dos debates era os partidos políticos UDN (União Democrática Nacional) e o PTB (Partido Trabalhista Brasileiro). o PSD (Partido Social Democrático) de Pedro Pedrossian, que era abertamente contra a divisão. Pedrossian e Antonio Mendes Canale eram personagens contrários à divisão do Estado" diz o ex-deputado.
Para Sergio Cruz a briga entre políticos da época interferia diretamente em ser contra ou a favor da divisão do Estado. Vespasiano Martins era da UDN e lutava pela divisão. Isso bastava para que seus adversários políticos fossem contra o projeto. Filinto Miller (PSD) era cuiabano e contrário a divisão e usava o argumento para convencer a população do sul, mandando médicos, professores, seminaristas da igreja católica, para ter um discurso de que a divisão prejudicaria o Estado a ser criado.
Sobre a divisão do Estado depois de décadas de tentativas, o então deputado Sergio Cruz tem boas recordações. "Eu era deputado, junto com o Valter Pereira, Ruben Figueiró e Edson Pires todos favoráveis. O Londres não se manifestava e o Gaeta por ser de Corumbá era contra. Nós defendíamos a divisão por motivos econômicos, Cuiabá via o lado histórico, então tinha grandes debates na Assembleia".
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Foto: Deurico/Capital News
Sobre o novo território a ser criado com a divisão, Sergio Cruz garante que " Rondonópolis jamais foi discutida. É claro que nós iríamos querer, mas Cuiabá nem discutiu isso. Então esse comentário que a cidade quase pertenceu a MS não passa de conversa de bar".
Outro assunto muito discutido nesta época foi a submissão do políticos do sul em relação as exigências do norte. "Nós ficamos na defensiva, a gente queria a divisão. Por isso tivemos que ceder para que não houvesse problemas. O próprio nome eles que indicaram e não foi Mato Grosso do Sul como muitos afirmam. Era Campo Grande, aí por brigas regionais com Dourados e Corumbá, por exemplo, o nome não passou então ficou MS, que todos confundem até hoje" diz Sergio Cruz.
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Foto: Deurico/Capital News
Sobre a data de hoje, o Estado tem muito o que comemorar sim. "Nós não íamos ter o mesmo desenvolvimento de Mato Grosso. O Estado já estava consolidado, caminhando a muito tempo sozinho. Nós iríamos começar do zero", lembrou Cruz.
"É claro que poderíamos ter crescido um pouco mais. As nossas terras eram todas ocupadas, em Mato Grosso eram terras devolutas. Eu acho que poderíamos fazer um política de ocupação, na época da divisão nós tínhamos 50 municípios, não conseguimos nem dobrar. MT fez isso e dobrou os municípios, mas é indiscutível que nós crescemos e o nosso povo é muito feliz aqui", finaliza Sergio Cruz.