É Natal! Para alguns, tempo de festas, de reunir família e amigos. Para outros tantos, um dia como outro qualquer. Mas para os cristãos, o tempo é de espera, de reflexões. Advento é o nome que ouvimos nas quatro últimas missas católicas antes do dia 24. Do latim, Vinda! Segundo o pároco do Santuário Nossa Senhora da Abadia, Padre Paulo Vital, o advento é o momento de espera, mas também de preparação para a chegada do menino Jesus.
“O verbo se fez carne
e habitou entre nós!”
“O verbo se fez carne e habitou entre nós!”. De acordo com o sacerdote, esse foi o maior acontecimento da história da humanidade. “Foi quando Deus enviou seu filho em forma de homem. Ele dignou-se a assumir nossa humanidade, sem deixar de ser Deus”, afirmou.
Entre os católicos, a tradição é preparar não apenas as casas, mas também e principalmente, o coração, para que possamos resignar-nos, refletir sobre nossas ações. “Arrumar a casa, preparar o presépio junto dos filhos e netos, tudo isso é uma catequese, algo muito bonito de se vivenciar e um exemplo que arrasta outras ações”, afirma o padre.
No entanto, para vivenciarmos plenamente a espiritualidade do Natal, que é o nascimento de Jesus, devemos nos despojar de rancores, mágoas, da falta de perdão com o próximo, da impaciência, da tolerância e de tantos outros sentimentos que nos afastam do amor de Deus.
Presépio: Tradição dos Santos Reis
"Montar o presépio é uma emoção muito forte e só de falar me dá vontade de chorar"
Na casa da dona Eva Marieta dos Santos Fontoura, uma mineira de 71 anos, mas que vive em Dourados, a tradição começou quando ainda era uma menina. Devota dos Santos Reis, dona Eva conta que a tradição começou pela família materna. “Montar o presépio é uma emoção muito forte e só de falar me dá vontade de chorar. Faço meu presépio todos os anos nos detalhes, desde a graminha em que o boizinho pastava. Todo ano tenho uma inspiração diferente, acho que é Deus que me ajuda”, contou entre risos a mineira radicada em Mato Grosso do Sul.
Ela reúne os filhos, noras, genros e netos exclusivamente para isso, montar o presépio e rezar em família. “Faço a leitura da bíblia, da conceição de Nossa Senhora, a gente reza e para cada pessoa, eu peço que mude uma peça do presépio de lugar e faça um pedido para os Santos Reis”, contou.
O filho da dona Eva, Agenor Fontoura Marquez, estava de viagem marcada para Dourados exatamente para fazer parte dessa tradição quando foi procurado pela reportagem. “Me lembro que essa era uma data especial. Minha mãe sempre fez questão da minha participação, da minha irmã e do meu irmão. Era esse ritual, todos deveriam alterar algo no presépio, depois fazíamos a oração e ela fazia um jantar. Depois vieram os agregados, netos e todos os anos ela faz questão da presença de todos. Não tem um dia específico, é quando todos podem participar, neste ano será amanhã a noite”, contou.
Arte em madeira
- Saiba mais
- Árvore invertida de natal vira alternativa para quem tem gato em casa
- Garrafas pet, tocos de árvore viram enfeites de natal
- União não é só nome de bairro em Campo Grande
- Cidade do Natal é reinaugurada e traz histórias da Capital
Na Paróquia Nossa Senhora Auxiliadora, bairro Santo Antônio, em Campo Grande, reunir os fiéis já virou rotina e a paroquiana Denise Viana está no segundo ano consecutivo emprestando seus dotes de artesã para contribuir com o cenário natalino.
“Ano passado estávamos lá planejando as peças que iríamos montar. Eu já tinha visto um monte de toco de madeira e pensei que poderia reciclar, usar algo que tivesse baixo custo. Pensei nas renas do Papai Noel e deu super certo. Fizemos 23 renas com reaproveitamento do material. Esse ano além das renas, fizemos também velas de madeiras e usei paletes para montar a Sagrada Família!”, contou.
Já foi tradição no passado e ainda persiste em algumas localidades, a chamada Missa do Galo, que era celebrada à meia-noite do dia 24 para 25. No entanto, em Campo Grande, a maioria das igrejas opta por uma celebração especial em horários tradicionais, para que as famílias possam cear com os seus.