Segundo o calendário chinês, 2019 foi o Ano do Porco. No Mato Grosso do Sul, mais particularmente no futebol, foi, pela terceira vez, o Ano da Águia. Com uma campanha quase que irretocável, o Águia Negra levou o título de campeão sul-mato-grossense, repetindo os feitos de 2007 e 2012, acabando com o estigma dos últimos anos de sempre naufragar quando o time atingia a fase de mata-mata. O título recolocou o clube na Série D do Campeonato Brasileiro e, mais importante, na Copa do Brasil, garantindo cota de participação de R$ 525 mil.
O início da temporada, porém, foi de incertezas. Com, como todo clube sul-mato-grossense, com dificuldades financeiras e problemas para viabilizar a montagem do elenco, a diretoria esperou até o último momento para confirmar lugar no Campeonato Estadual. Depois, apostou em Rodrigo Cascca, com passagens por clubes do interior do Paraná e Santa Catarina, mas pela primeira vez no futebol do MS.
No elenco, uma base montada em jogadores conhecidos da torcida, como o goleiro e capitão Felipe, lateral Gugu, zagueiro Jonatan, lateral Fabiano, meias Jorginho e Salomão e os atacantes Guilherme e Kareca. Depois, foi estruturar o time com jogadores experientes como o zagueiro Virgulino e o volante Russo, entre outros.
Campanha
Para variar, o time de Rio Brilhante teve uma primeira fase sem sustos e com classificação antecipada. Venceu sete dos 11 jogos que disputou, teve duas derrotas e empatou outros dois. Com 23 pontos, perdeu a primeira posição na última rodada graças a uma derrota em casa para o Aquidauanense, quando Cascca poupou alguns dos titulares. O Operário FC, com 24 pontos, foi o primeiro colocado.
A desconfiança da torcida estava nas quartas de final, fase em que o clube foi eliminado nos últimos anos sempre por equipes piores qualificadas na etapa anterior. O adversário foi a Serc e, no primeiro jogo, em Chapadão do Sul, a derrota por 1 a 0 aumentou o temor do torcedor. Mas na volta, a dupla de atacantes fez a diferença. Guilherme no primeiro tempo e Kareca no segundo marcaram os gols da vitória por 2 a 0 e garantiram vaga na semifinal.
Para buscar uma vaga na decisão, a disputa foi regional, contra o Sete de Dourados. A superioridade do Águia, porém, era latente e o lugar na decisão veio com duas vitórias. A primeira fora de casa, por 3 a 1, com dois gols de Kareca e um de Salomão, com Gugu descontando para o time douradense. Na volta, em Rio Brilhante, o Sete até saiu na frente, com gol de Giovani, mas Kareca e Jorginho definiram a virada e vaga na final.
Hora da vigança
Na final, o adversário foi um time que estava na garganta do torcedor rio-brilhantense desde 2011. Naquele ano, o Aquidauanense desclassificou o Águia Negra, em pleno Ninho da Águia, com um gol aos 48 minutos do segundo tempo. Para buscar o título, era preciso deixar mais esse trauma no passado.
No jogo de ida, no Estádio Noroeste, a vantagem do empate após os dois jogos foi ampliada pelo Águia Negra com vitória por 2 a 1. Rodrigo abriu o placar para o Azulão no primeiro tempo, mas Cleitinho e Kareca decidiram no segundo a vitória rubro-negra fora de casa. Na partida decisiva, no Ninho da Águia, o título ficaria em Rio Brilhante mesmo com uma derrota por um gol de diferença e o Aquidauanense vendeu caro a taça. Agnaldo, no início do segundo tempo fez 1 a 0 e deixou a torcida com a lembrança de 2011 viva. Mas o time de Rodrigo Cascca soube segurar a pressão depois e, mesmo com a derrota, comemorou o terceiro título estadual do Águia Negra.