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Reginaldo Leme Sábado, 17 de Outubro de 2009, 09:00 - A | A

Sábado, 17 de Outubro de 2009, 09h:00 - A | A

A Brawn já não precisa de jogo de equipe...

Jornalista Reginaldo Leme

A Brawn já não precisa de jogo de equipe...

Barrichello e Button disputam o Título na F1

Ouvir Rubens Barrichello torcendo para não chover domingo deve deixar o torcedor brasileiro confuso. Quantas vezes, na época da Ferrari, o país inteiro pediu chuva, na esperança de ver aumentadas as chances de Barrichello derrotar Schumacher ? Pois é, mas não há nada de incoerente, a situação é esta mesmo. Neste ano, toda vez que choveu, os pilotos da Brawn tomaram água na cara dos carros da Red Bull por uma razão muito simples de entender e tremendamente difícil de reverter: na chuva, e também em tempo frio, os carros da Brawn não conseguem fazer os pneus atingir a temperatura ideal. É nisso que a Red Bull levou vantagem em quatro corridas decididas pelas condições climáticas, que foram China, Silverstone, Nurburgring e Suzuka. Aí não adianta o piloto gostar de pista molhada, porque não há talento que supere a deficiência técnica do carro.

Até agora a previsão meteorológica tem acertado na mosca. A quarta-feira deu uma falsa impressão de um fim de semana tropical como os gringos esperam do Brasil, mas isso durou poucas horas e a chuva veio para ficar. A possibilidade de chuva hoje é de 80 por cento, no sábado a classificação pode acontecer parte com pista seca e parte com chuva, e na corrida a chance de chuva é de 60 por cento. Conhecendo bem Interlagos, eu sei o que isso quer dizer – alternância na corrida e, claro, emoções de sobra com reviravoltas na classificação. Quem der sorte na escolha do momento dos pit stops, terá a corrida nas mãos.

Button, Barrichello e Vettel são os caras. Chances matemáticas de cada um: 97, 2 e 1 por cento. Disparidade suficiente para se apostar em Button. Mas quem, no início do ano, acreditou que Rubens não encontraria equipe para correr este ano, já não se arrisca a descartá-lo nessa briga. O histórico das últimas decisões mostra que nem Vettel, 16 pontos atrás de Button e 2 de Barrichello, pode ser descartado. Em 2007, faltando duas corridas, Raikkonen estava 17 pontos atrás de Hamilton e 5 atrás de Alonso, mas acabou sendo o campeão.

Gosto muito do Vettel e acho que não vai demorar muito para ele ser campeão do mundo. Mas o título deste ano tem que ficar com Button ou Barrichello. O inglês mereceu a vantagem que tem pela performance impressionante do início de campeonato (recorde histórico de 6 vitórias em 7 corridas) e a regularidade do ano todo (só não marcou ponto na Bélgica, quando se envolveu em acidente com Hamilton e Grosjean). Barrichello foi muito bem na segunda metade do ano. Ganhou duas e largou na frente do Button em 7 dos 8 grids desde o GP da Inglaterra. Mas, na soma do ano, faltou regularidade. Deixou de pontuar na Turquia e Hungria e perdeu uma grande chance de vitória na Bélgica, quando era favorito e o sistema "anti-stall" do câmbio falhou na largada. Justamente na corrida em que Button bateu na primeira volta. Nesta corrida, Barrichello marcou 2 pontos quando poderia marcar 10. Já pensaram se em vez de 14, ele chegasse a Interlagos apenas 6 pontos atrás de Button ?

O clima da decisão seria outro. Certamente é pela grande vantagem do Button e a já quase assegurada conquista da Brawn no Campeonato dos Construtores que os dois se apresentaram tão relaxados em Interlagos. A Brawn já não precisa de jogo de equipe e limita-se a pedir que os dois não se estranhem na primeira curva. Entre os pilotos, um é franco favorito e o outro, a zebra. Barrichello elogia Button a ponto de dizer que, nos melhores momentos, o companheiro chega a lembrar Schumacher. O inglês faz cara de espanto agradecido. Na sequência, quando lhe perguntam como reagiria se o brasileiro ganhasse o título, ele encara Barrichello segurando o riso e manda a frase: "Eu vou odiá-lo." Esta decisão está muito amigável, enquanto os carros não entram na pista.

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