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Reginaldo Leme Sábado, 22 de Agosto de 2009, 09:00 - A | A

Sábado, 22 de Agosto de 2009, 09h:00 - A | A

O que eu estou fazendo aqui?

Jornalista Reginaldo Leme

O que eu estou fazendo aqui?

Felipe Massa: “O que eu estou fazendo aqui?”

Que sensação estranha viverá Felipe Massa neste domingo. Ele vai assistir ao GP da Europa cercado de amigos, mas em casa. Como não fazia havia muitos anos, desde que trocou a sossegada vida na casa dos pais pela incerta aventura de se jogar no automobilismo europeu atrás de um sonho que um em cada mil, dois mil, sei lá — talvez muito mais —, consegue alcançar. No ano passado aqui em Valência ele comemorava o seu 100º GP. Quem alcança 100 corridas só na F1, acrescidas de todas que disputou até chegar ali, com certeza já passou por muitos ensinamentos da vida.

O momento difícil que vive hoje é mais um. Manter-se ausente do palco onde a sua vida se desenrola. Mas o pior já ficou bem para trás, naquele sombrio corredor do hospital de Budapeste. Felipe agora está bem, domina a ansiedade com sabedoria e transmite tranquilidade. Mas em algum momento da corrida deste domingo é provável que ele se pergunte: “O que é que eu estou fazendo aqui?” Justo ele, que venceu na estreia do circuito de Valencia.

E quem é que pode vencer este ano? A briga pelo titulo começa a esquentar agora. Button já não tem o carro que tinha, a Red Bull tem, mas vai assistir a uma briga interna que tende a ser cada vez maior. E, pra melhorar, a McLaren voltou a ser equipe de ponta. Sem contar que Alonso já fez pole na Hungria e que Rosberg anda batendo na trave sempre que encontra uma pista mais travada. Não estou esquecendo que Raikkonen chegou em segundo na Hungria, mas continuo achando que aquele foi um resultado circunstancial da Ferrari, difícil de ser repetido em Valência. Nem com Raikkonen nem com o coitado do Badoer, que, alem de não correr há muito tempo, também não treina há muito tempo. Até o ano passado ainda se podia dizer que alguns pilotos de testes conheciam o carro melhor que os titulares, mas hoje não é assim. O Badoer conhece muito pouco da F60, porque nenhuma equipe desperdiça o pouco tempo de treino a que tem direito com um piloto reserva. Ele participou de 56 GPs, embora tenha conseguido largar em 48. Mas nunca pontuou, porque só correu em equipe fraca — Minardi, Lola ou Forti Corse.

Valência é um circuito de rua que, além da ensolarada costa do Mediterrâneo nesses tempos de verão, pouco tem a ver com Mônaco. Quanto à largura da pista e até áreas de escape, tem mais a ver com Hungaroring e Nürburgring, autódromos com desenhos de circuitos propositadamente travados. Das 25 curvas de Valência (13 para a direita e 12 para a esquerda), muitas são de média velocidade e apenas uma fica abaixo dos 100 km/h. Para se fazer uma comparação, Mônaco tem duas (Loews e Rascasse) de 60 a 70 km/h. A velocidade média da volta mais rápida de Valência no ano passado, sem os pneus slicks deste ano, chegou a 197,637 km/h (Felipe Massa). É um tempo a ser batido com facilidade este ano.

Conto com uma briga muito boa. A pole vale muito e, na entrevista que fiz com o Button no final do GP da Hungria, vi o quanto ele está preocupado com a queda de rendimento do carro da Brawn, que ficou muito para trás. Button liderou 280 voltas das 594 disputadas até agora, bem mais do que o dobro do Vettel (114 voltas) e sete vezes mais do que Webber (39 voltas). Mas já há três corridas não consegue andar nem em quarto. Manter-se nos pontos, como vem fazendo a duras penas, pode não ser suficiente. Hoje eu já vejo como única arma do Button a briga que vai rolar dentro da Red Bull entre Vettel e Webber. É aí que a F1 vai ferver neste fim de semana à valenciana, como uma boa paella.

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