Jenson Button, seis vitórias este ano
Seis vitórias nas sete primeiras corridas do ano. Está aí um feito que apenas Jim Clark e Michael Schumacher haviam conseguido até o momento em que Jenson Button cruzou a linha de chegada do GP da Turquia passeando em zigue-zague como se estivesse curtindo uma tarde de domingo num verão londrino. Nenhuma comparação de Button com esses dois gênios que identificam duas diferentes eras da história da Fórmula-1, mas uma prova inequívoca de que a confiança é tudo na vida de um piloto. Em seu décimo ano de F-1, Button nunca havia se mostrado mais do que um bom piloto, com uma única vitória obtida em 2006 já na Honda. Mas hoje vive um momento mágico e, sem cometer um erro, comandou 289 voltas das 404 disputadas até agora.
O escocês Jim Clark, em nove anos de carreira, foi sempre piloto da Lotus, da primeira à última de suas 72 corridas, e em 1965 ganhou os GP’s da Africa do Sul, Bélgica, França, Inglaterra, Holanda e Alemanha e perdeu o de Mônaco para Graham Hill. Seis vitórias em sete. Depois disso, ele ficou o resto do ano sem vencer, mas o campeonato só tinha dez corridas e ele terminou o ano como campeão com sete pontos de vantagem desprezando-se os descartes que existiam no regulamento da época. Dois anos antes, no seu primeiro título mundial, ele venceu até mais – sete vezes – mas sem uma sequência tão grande.
Na época de Michael Schumacher o campeonato chegou a ter 19 corridas. Portanto, conquistar sete ou mais vitórias no ano tornou-se mais fácil desde que se tenha um carro tão bom com foram as Lotus dos anos 60 e as Ferrari dos anos 2000. Na verdade, Schumacher já tinha conseguido oito vitórias em 94 e nove em 95, quando ainda estava na Benetton. Na Ferrari ele obteve nove em 2000 e 2001, onze em 2002 e atingiu o máximo de rendimento em 2004, com treze vitórias no ano. Foi quando ele marcou estas seis vitórias nas primeiras sete etapas do ano.
Até hoje ninguém que tenha conseguido vencer tanto deixou de ser o campeão do ano. Mas deve se levar em conta algumas peculiaridades deste Mundial 2009. A principal delas é o fato de Button correr por uma equipe estreante, enquanto a Lotus de Jim Clark era uma gigante da época e a Ferrari de Schumacher era praticamente imbatível. Como estreante e herdeira do espólio da Honda, a Brawn é uma equipe com dinheiro contado para fazer as dezessete corridas do ano. Basta dizer que ela fez os treinos livres de Mônaco usando bicos antigos nos carros para não estragar os novos, já que os carros passam raspando no guard-rail. Por medida de economia, só usou os novos bicos nos treinos de sábado.
Por isso mesmo a Brawn já fez muito mais do que dominar um início de temporada em conseqüência da boa sacada do difusor duplo. As grandes já tiveram tempo de sobra para reagir e não é o que está acontecendo. Elas evoluíram, mas a Brawn também. Isso só aumentou a confiança de Button. E daqui a uma semana ele estará na pista de Silverstone, na Inglaterra, seu país, correndo pela primeira vez na posição de ídolo maior da torcida inglesa. Hamilton saiu de moda. Hoje a moda é Button. Que já nem precisa mais de vitória nenhuma para ser o campeão, mas tem nas mãos um carro que lhe dá a chance de ser um dos maiores vencedores em uma mesma temporada.