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ENTREVISTA Segunda-feira, 29 de Outubro de 2007, 13:00 - A | A

Segunda-feira, 29 de Outubro de 2007, 13h:00 - A | A

Exclusivo: Presidente da Famasul fala sobre sanidade animal, Fundersul e outros assuntos

Vivianne Nunes

Em Entrevista exclusiva ao Capital News, o diretor-presidente da Famasul (Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul), Ademar da Silva Júnior, falou sobre o atual status sanitário em Mato Grosso do Sul e as perspectivas para a volta da carne sul-mato-grossense ao mercado externo. Confira:


Capital News: Depois de todo o alarme que foi feito com operações de combate a Febre Aftosa aqui no Estado, o Mato Grosso do Sul já está totalmente livre da doença? Qual a avaliação da Famasul sobre o atual status sanitário do Estado hoje?

Ademar: Nós ainda estamos aguardando resultado de exames sorológicos feitos pelo Ministério da Agricultura e creio que nas próximas semanas a gente vá ter os resultados do quarto bloco de exames que foram feitos, não só naquela região impactada dos cinco municípios de fronteira, mas também do restante do Estado. As informações que a gente tem é que o vírus realmente não esta mias em circulação dentro do território do Mato Grosso do Sul.

Muitas medidas foram tomadas, o sacrifício de quase quarenta mil animais, a indenização dos produtores, todo um trabalho de vigilância, uma reestruturação, reorganização da Defesa, em especial nos municípios de Japorã, Mundo Novo, Eldorado, Iguatemi, Itaquirai e, acredito que agora o passo seguinte é começar todas as tratativas, as negociações para retomar o status de área livre da aftosa com vacinação.

CP News: O governador do Estado, André Puccinelli, disse recentemente que o Estado pode recuperar o status de área livre da Aftosa com vacinação já neste mês de novembro. Qual a expectativa dos produtores quanto a isso?


Ademar: Quanto mais cedo melhor! Se vier em novembro será muito bem-vindo. Já são dois anos praticamente, que a gente está convivendo com este problema. Este status de área livre da Aftosa nos credencia para vender carne para mercados que pagam melhor, como a Europa, principalmente, e nos dá a imagem de um Estado que tem feito o seu dever de casa com relação à sanidade animal.

CP News: A rastreabilidade bovina já é uma realidade em Mato Grosso do Sul?


Ademar: O MS é hoje o Estado que tem o maior número de animais rastreados dentro do sistema nacional, dentro do banco nacional de dados. O Mato Grosso do Sul é campeão em animais rastreados. A questão ainda da rastreabilidade é que ela vem sendo trabalhada porque há algumas dificuldades para que se possa expandir este uso da identificação. Exemplo que eu dou é o documento de identificação que gera uma complexidade muito grande ao produtor, principalmente aos que têm um número significativo de animais. Ele tem dificuldade em selecionar estes documentos, verificar se a numeração do brinco bate com aquele documento e encaminhar o documento correto, o animal com identificação correta para o frigorífico. Isso gera transtorno, gera uma dificuldade e acaba fazendo com que o produtor deixe de usar os sistema de rastreabilidade.
Nós estamos discutindo com o ministério da Agriculutar, a simplificação deste processo. Creio que logo logo vamos conseguir fazer a leitura desses brincos já na calha do frigorífico e isso vai facilitar muito. Eu entendo que com isso vai ser mais rápida a inclusão de novos produtores, novos pecuaristas no sistema. É uma exigência é uma necessidade e uma garantia a mais.

Hoje temos quase quatro milhões e meio de animais dentro do novo Sisbov, Além do que se tem no sistema antigo; 2 ou 3 milhões de animais.

CP News: A expansão da cana-de-açúcar pode ser uma alternativa para a diversificação das atividades no Estado, que sempre foram muito focadas apenas na bovinocultura?

Ademar: Eu diria que seria sim, uma alternativa, um complemento dentro da propriedade rural. Hoje é óbvio que, pra nós, fica evidente a necessidade de diversificar. Nós temos que ter pecuária de corte, de preferência com sistema de reforma de pasto, através do sistema de parceria agricultura e pecuária. Nós precisamos do setor sucroalcoleiro que está vindo com muita força para o Mato Grosso do Sul. O setor de silvicultura, as florestas plantadas, madeira, eucaliplto, também são alternativas que o produtor, o pecuarista, o agricultor têm para diversificar a atividade. A diversificação é necessária porque às vezes, quando uma atividade não vai bem, ele acaba equilibrando esse seu ganho.

CP News: A preocupação com o Meio ambiente está incluída neste contexto?

Ademar: Com certeza. Hoje todas as atividades econômicas, sejam elas industriais, comerciais, como o agronegócio, precisam ter equilíbrio sócio-econômico. Eu acho que o principal conservador do meio ambiente é o produtor. Ele sabe que o quanto isso é necessário para o seu dia-a-dia, para o seu bem-estar e o quanto a população, o consumidor final exigem hoje um produto ecologicamente correto, que não agrida o meio ambiente. Essa é uma tendência que vai se consolidar cada vez mais e nós, produtores, estamos em uma corrida muito forte para poder adequar as novas demandas, principalmente ambientais.

CP News: O Fundersul, ajuda ou complica a vida dos produtores?


Ademar: Esses são tributos que o Estado acaba impondo à classe produtora. Tem aí, não só o Fundersul, mas agora a gente ta vendo toda essa discussão da CPMF que foi criada para uma finalidade e hoje a gente tem toda uma distorção dela. O Fundersul não é muito diferente. O único setor que contribui com esse fundo é o agronegócio mas todo mundo se utiliza dessas estradas. Seja ele comerciante, industrial, ou cidadão comum. E um questionamento que a gente tem feito muito é que não há transparência na aplicação destes recursos. Nós não sabemos quanto se arrecada, não sabemos a onde se aplica e a gente percebe que ao andar nas nossas estradas a gente ainda vê uma deficiência muito grande, principalmente neste período de chuvas. São pontes que caem, pontes mal conservadas, estradas esburacadas e o produtor, quando emite uma nota fiscal, seja ela de pecuária, seja ela de agricultura, ele paga esse tão mal fadado Fundersul.

A gente continua com uma ação na Justiça que está hoje no STF (Supremo Tribunal Federal) aguardando decisão. E eu espero que uma hora a Justiça possa entender este tributo como inconstitucional, ilegal para que possamos extingui-lo.

CP News: Quais as áreas mais críticas do Estado com relação a deficiência em estradas?


Ademar: Têm municípios onde a malha viária é maior, no Pantanal principalmente, a gente tem notícias de que há bastantes regiões lá com dificuldade de trânsito, estradas esburacadas, ruins. Essas regiões de Água Clara, Ribas do Rio Pardo, que têm grandes extensões de estradas vicinais, não pavimentadas, em especial neste período de chuva, ficam em situações bastante precárias.

CP News: Como está o cenário da criação de Avestruzes hoje em Mato Grosso do Sul?


Ademar: Hoje existem núcleos crescentes. Temos a informação de que em São Gabriel do Oeste há uma cooperativa que está em crescimento. O avestruz é um produto nobre não só na pele, mas também na carne e eu acredito que o MS tem um potencial muito grande para sermos grandes produtores de avestruz.
Temos alguns segmentos que são maiores no Estado como a avicultura, suinocultura, principais do setor de carnes. Depois temos a ovinocultura, piscicultura. A criação de Avestruz são nichos. Temos nichos em São Gabriel e também em Cassilandia. A região de Nova Andradina tem um novo nicho se estruturando, mas por enquanto são apenas alguns pólos. O maior pólo hoje ainda é São Gabriel.

CP News: Caso a classe produtora escolha seu nome para representá-los junto ao Poder Executivo haveria a chance de uma disputa eleitoral?

Ademar: Não. Não tem nenhuma possibilidade de concorrer a cargos executivos em especial agora neste ano de 2008. Nós temos um mandato a ser cumprido, de dois anos, que vai até 2009 e vamos cumpri-lo integralmente. Os sindicatos, os produtores rurais e principalmente os nossos presidentes e delegados nos elegeram para fazer um mandato de três anos e nós vamos cumpri-lo até o final.

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