Mais de um ano antes tragédia de Brumadinho (MG), a Vale teve acesso a sugestões de intervenções para melhorar o fator de segurança da barragem que se rompeu na Mina do Feijão. As medidas constam de estudo elaborado pela consultoria Potamos a pedido da mineradora e apresentado à empresa em uma reunião ocorrida em dezembro de 2017 na Mina de Águas Claras, em Nova Lima (MG).
A ata desse encontro foi entregue pela Potamos à comissão parlamentar de inquérito (CPI) criada pela Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) para investigar a tragédia. No entanto, as tratativas entre a Vale e a empresa envolvendo as medidas sugeridas não tiveram continuidade.
- Saiba mais
- Atualização do Número de mortos em Brumadinho chega a 84, sendo 42 corpos identificados
- Cães bombeiros auxiliam no resgate de mais um corpo em Brumadinho
- Vale diz que fez pagamentos emergenciais a cerca de 800 atingidos
- Três meses após tragédia de Brumadinho, bombeiros ainda buscam vítimas
- Governo de Minas propõe isenção de imposto sobre repasses da Vale
- Marcelo Iunes reúne secretariado para realizar estudos sobre as barragens em Corumbá
- Bombeiros encontram mais um corpo em Brumadinho
- Número de mortos em Brumadinho sobre para 169
- Militares israelenses deixam Brumadinho hoje
- Universidade catalã participa de apuração da tragédia de Brumadinho
- Brumadinho: número de mortes confirmadas sobe para 224
- Barragens do Estado são vistoriadas pelo secretário Jaime garantindo ações preventivas do Governo
- Comissão aprova propostas mais rígidas para controle de barragens
- Vale tem R$ 13 milhões liberados pelo TJ para ressarcir gastos do governo mineiro
- Doações já são suficientes, mas apoio à Brumadinho continua em MS
- MME publica medidas que visam dar maior estabilidade a barragens
- 176 vítimas do rompimento da barragem da Vale são identificadas
- Mineradora vai doar R$ 100 mil para cada família que teve parente morto na tragédia
- PF indicia 13 pessoas por usar relatório fraudulento em Brumadinho
- Exportação de minério cai em 53% no Estado, após desastre envolvendo mineradora Vale
- Informações sobre celulares ajudam a localizar vítimas em Brumadinho
- Lista de desaparecidos da Vale em Brumadinho tem três funcionários que trabalharam na unidade em Corumbá
- Campanha tenta resgatar turismo de Brumadinho
- Roda Viva entrevista o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Campos Salles
- Minério de ferro na China atinge máxima em quase 17 meses após cortes da Vale
- Continuidade de auxílios mensais aos atingidos de Brumadinho é incerta
- Agentes da PRF que trabalharam em Brumadinho recebem homenagem na ALMS
- Brumadinho sofre com rompimento de mais uma barragem envolvendo a Vale
- Vale cria diretoria com sede em Brumadinho para lidar com tragédia
- STJ manda soltar presos por rompimento da barragem em Brumadinho
- Deputados federais querem acompanhar desdobramentos em Brumadinho
- Acordo entre Vale e MPT indenizará famílias de vítimas de Brumadinho
- Governo determina medidas de precaução para barragens em todo o país
- Justiça do Trabalho bloqueia mais R$ 800 milhões da Vale
- Barragem da mineradora Vale desaba em Brumadinho-MG
- Trabalhadores movem ação de R$ 5 bilhões contra a Vale em Brumadinho
- Vale tem R$ 6 bilhões bloqueados após rompimento de barragem em MG
- Vale tem prejuízo de R$ 6,4 bilhões no 1º trimestre de 2019
- Comissão geral debate desdobramentos da tragédia de Brumadinho
- Beneficiários do Bolsa Família em Brumadinho irão receber pagamento antecipado do benefício
- Agência amplia prazo para eliminar barragens como a de Brumadinho
- Deputados e especialistas debatem formas de reparação para vítimas de Brumadinho
- No 5º dia de operações de resgate em Brumadinho, mais corpos são encontrados
- Cães bombeiros embarcam para Brumadinho
- Evacuação em Nova Lima afeta turismo e economia da cidade mineira
- Quase 3 meses após tragédia, 32 barragens da Vale estão interditadas
- Buscas em Brumadinho chegam ao 12º dia; Bombeiros ainda realizam resgate de corpos
- Após tragédia em Brumadinho, Imasul vai vistoriar barragens em MS
- Bombeiros encontram corpo completo em Brumadinho
- Governo destina R$ 62 milhões para o turismo em Brumadinho
- Documentos sigilosos da Vale registram “quase acidente” em MS neste mês
- Acordo prorroga auxílios pagos a atingidos por tragédia de Brumadinho
- Dois meses após tragédia em Brumadinho, Vale tem R$ 13,6 bi bloqueados
- Bombeiros estimam desaparecimento de cerca de 200 pessoas em Brumadinho
- Justiça homologa indenizações individuais de vítimas de Brumadinho
- Tragédia de Brumadinho chega a 182 desaparecidos e 134 corpos já identificados
- Sobe para 60 o número de mortos em Brumadinho
- Seis meses após desastre, Brumadinho tenta recuperar turistas
- Mandetta autoriza liberação de R$ 4 milhões para assistência à Brumadinho
- Brumadinho teme nova ruptura de barragem e cobra ações de empresa
- Vetorial é investigada por irregularidades em barragens pelo MPT-MS
- Corpo de Bombeiros informa 110 número de mortos em Brumadinho; 71 foram identificados
- STJ anula denúncia sobre tragédia de Brumadinho e federaliza o caso
- Soldados de Israel começam resgate de vítimas em Brumadinho
- Vale fará obras para captar água em ponto não contaminado do Paraopeba
- MP: Vale tinha ciência que barragem de Brumadinho estava em “atenção”
- Cinco suspeitos de envolvimento em tragédia de Brumadinho são presos
"Dentre as alternativas apresentadas, a que surtiria melhor efeito era a construção de um reforço no pé da barragem, mas era uma intervenção lenta e complicada que iria trazer interferências para o funcionamento da Mina do Feijão. A Vale informou que iria estudar as alternativas, mas não fomos mais consultados sobre elas", disse o sócio da Potamos, Fernando Lima, em depoimento à CPI ocorrido na quinta-feira (25).
O rompimento de barragem na Mina do Feijão ocorreu em 25 de janeiro deste ano. A Potamos informou que desenvolveu estudos na estrutura em parceria com a Tüv Süd até março de 2018. Por discordâncias metodológicas, a Potamos não aceitou fazer a revisão periódica da estrutura. Essa revisão é obrigatória e deve ser feita por uma empresa terceirizada que, ao final, deve decidir se concede a declaração de estabilidade. A Tüv Süd assumiu sozinha essa tarefa, atestando em junho de 2018 a estabilidade da barragem que se rompeu.
A engenheira Maria Regina Moretti, consultora da Potamos, disse à CPI que a empresa chegou a fazer uma análise de risco geotécnico que analisa probabilidades de falhas. Segundo ela, foi encontrado um fator de segurança 1.09, quando as boas práticas de engenharia internacional estabelecem que o ideal é 1.3. Moretti afirmou que não atestaria a estabilidade barragem. "Os estudos que desenvolvemos não atendiam a condições de segurança consagradas internacionalmente", justificou à CPI.
De acordo com a engenheira, a Potamos manifestou discordância em relação às conclusões da revisão periódica da Tüv Süd e informou que, por isso, não revisaria a análise de probabilidade de falha. "Tivemos uma divergência na conclusão em relação ao fator de segurança mínimo exigido. Os estudos estavam bem feitos, os resultados estavam em consonância com nossas análises. Mas o que eles aceitavam como fator de segurança mínimo não era 1.3. Era 1.05. E nós não concordávamos, porque não é isso que recomendam os consultores internacionais."
Em outubro de 2017, ao apresentar estudos que revelavam o fator de segurança abaixo de 1.3 na Barragem da Mina do Feijão, a Potamos foi questionada sobre a metodologia utilizada para definir parâmetros de cálculo. "Nós começamos uma discussão técnica com a Vale, a Tüv Süd e outros consultores sobre os parâmetros. Isso evoluiu e nos foram sugeridas novas metodologias. Nós avaliamos e não concordamos em modificar a nossa metodologia de definição de parâmetro. Como não concordamos, nós nos afastamos do estudo", disse Regina Moretti.
Questionada sobre as declarações da engenheira e do sócio da Potamos, a Vale respondeu com uma nota onde informa que "o fator de segurança da barragem foi calculado e atestado por auditoria externa". A Tüv Süd também foi procurada pela Agência Brasil, mas não respondeu.