Cláudia Leite Pinto, nascida em 1983, foi separada de sua mãe, que vivia no Hospital Colônia Tavares de Macedo, em Itaboraí, Rio de Janeiro, apesar de a hanseníase já ter cura. A lei brasileira da época determinava que bebês nascidos nos antigos "leprosários" fossem afastados imediatamente de suas mães e entregues a familiares ou levados para educandários. Cláudia só reencontrou sua mãe aos 5 anos, após a autorização para crianças viverem nas colônias.
A separação traumática levou Cláudia a buscar na Justiça o direito à pensão vitalícia, instituída por uma lei estadual em 2022. Ela é a primeira filha separada do Rio de Janeiro a obter esse direito. Apesar de a lei ter sido sancionada, o governo estadual ainda não regulamentou o benefício e o considera inconstitucional. Em fevereiro de 2025, o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro decidiu em favor de Cláudia, garantindo-lhe o direito à pensão e a retroativos de cerca de R$ 34 mil.
Cláudia receberá uma pensão mensal de dois salários mínimos, o que ajudará a melhorar sua qualidade de vida, pois atualmente ela vive de aluguel e com a renda do Bolsa Família e alguns biscates. Sua história reflete o impacto do isolamento forçado dos pacientes com hanseníase, que perdurou até a década de 1990, e o sofrimento das famílias separadas por esse sistema. A mãe de Cláudia, Cleusa, foi internada no hospital-colônia em 1982, sem explicação, e viveu anos sem poder ver ou tocar suas filhas.
A luta de Cláudia também envolve sua irmã Cleide, que busca o mesmo direito à pensão. O advogado das irmãs acredita que a vitória de Cláudia estabelece um importante precedente para outras pessoas que passaram pela mesma situação nas colônias do Rio de Janeiro. Ele estima que entre 600 e 800 filhos de ex-internos possam ser beneficiados. Cleusa, que continua vivendo na colônia, já recebe uma pensão federal desde 2007, após o fim do isolamento.