Sopa paraguaia, arroz carreteiro, chipa, sobá, quando o assunto é comida típica, Mato Grosso do Sul sai na frente e a pauta fica deliciosa. Embora o estado seja jovem comparado a outras regiões do país, seu território vem sendo ocupado há séculos por migrantes de vários locais, inclusive de fora do país.
Em Campo Grande não é muito difícil, encontrar uma roda de amigos com tereré, uma chipa num café na esquina e até o soba em restaurantes em bairros, a Capital do estado é palco de uma gama de tradições e costumes. No aniversário de 123 anos da cidade morena vamos mostrar exemplos de pessoas que reproduzem as influências que receberam dos migrantes que por aqui passaram ou que fazem morada.
Acervo pessoal
Dona Dora e as filhas Cirlene e Sônia. Sopa paraguaia da dona Dora quentinha saindo do forno
Se você já foi no Paraguai ou aqui mesmo no Estado com certeza conhece a sopa paraguaia, um bolo salgado preparado com milho, cebola, queijo, ovos e leite. A dona Doralina de Bairros de 74 anos, mais conhecida como dona Dora adaptou a receita que aprendeu com a mãe no Paraguai.
Moradora do bairro Caiçara, a idosa está ha 51 anos esta em Campo Grande, mas a infância foi em Ponta Porã. Foi no país vizinho, através da mãe que a aposentada aprendeu a culinária paraguaia, entre o que aprendeu, a sopa paraguaia, que mais caiu no gosto da família.
“Eu me sinto paraguaia, porque gosto de todas as comidas de lá”
A receita que dona Doralina herdou da mãe, foi passada para as filhas. Ela adaptou a receita para que as crianças da casa pudessem comer, por isso a cebola é picada e o queijo à vontade, Hummm! “Eu me sinto paraguaia, porque gosto de todas as comidas de lá”, destaca.
Quem também segue os passos da família, é o cozinheiro Tadashi Katsuren de 29 anos, mas no caso, ele seguiu os passos dos avós, o avô Hiroshi Katsuren e a avó Yasuko Katsuren. Tadashi conta que os avós vieram do Japão por volta de 1953, de navio junto com o pai, tia, ainda crianças de colo.
Segundo o cozinheiro os avós foram os primeiros a vender sobá na feira em 1965, eles ficaram trabalhando no local cerca de 2 anos, até que o avô decidiu fechar para abrir um restaurante. O Sobá já era, na época, um prato consumido entre os japoneses, mas não comercializado.
O sobá é uma receita de origem japonesa, ganhou gosto em terras pantaneiras. A combinação de macarrão, omelete, carne de porco, cebolinha e um caldo com temperos típicos foi trazida para Mato Grosso do Sul na década de 50 pe em 2006, virou patrimônio histórico e cultural de Campo Grande.
Em 1982, os pais de Tadashi, Takeshi Katsuren e a Niria Nishihira Katsuren voltaram a abrir uma barraca na feira trazendo a mesma receita dos avós, de lá pra cá o local nunca mais fechou. A mãe faleceu em 2020 e hoje é ele quem toca o negócio da família.
São mais de 40 anos fazendo a receita que conquistou os campo-grandenses. “Vale ressaltar que a receita que originou o Sobá de Campo Grande chama-se Okinawa Sobá, a maioria dos imigrantes japoneses de Campo Grande vieram desta ilha”, frisou.
Além da culinária uma bebida que se tornou típica na capital é o tereré, uma chá gelado com erva mate que se diferencia do chimarrão por ser servido gelado. Segundo a literatura, a invenção do uso do tereré deve-se ao povo guarani, mas a bebida assim como todos os aspectos a ela relacionados, é uma tradição do Paraguai.
"É como uma forma de respeito os mais jovens encher o tererê para os adultos"
Neto de bisavós paraguaios o Gerente Comercial Mayck Barreto de 29 anos, nasceu em Bela Vista, município que fica a 121 quilômetros de Campo Grande e faz fronteira com Paraguai. Ele foi criado no meio da cultura Paraguaia e recorda que, desde pequeno, nas rodas de tereré com a família era ele que enchia o copo do tereré. “Para a família é como uma forma de respeito os mais jovens encher o tererê para os adultos. Inclusive esperávamos ansiosos pelo dia que não seríamos os ”mais novos” pra participar dessa roda diária”, detalhou.
Mayck mora sozinho desde os 16 anos e de lá para cá não recorda de ter ficado um só dia sem tomar tereré. “É um vício mesmo, no mínimo uma vez, para finalizar o dia e bater um papo com amigos. Outra coisa que eu trago comigo é nossa chipa e caburé, ahhh esses dois são meus prediletos, sempre que vou até minha cidade ou alguém vem, é de lei eu comer os dois pra matar saudade”, brinca.
- Saiba mais
- Campo Grande completa 123 anos com centro lotado de imóveis abandonados
- Prefeitura lança calendário de comemoração dos 123 anos de Campo Grande
- Campo Grande possui 19 imóveis tombados e quatro em processo de tombamento
- Conheça os novos moradores de Campo Grande
- Com mais de 15 mil pessoas, desfile comemora 123 anos da Capital
- Ação especial para mulheres integra calendário 123 anos da Capital
- Comemoração dos 123 anos de Campo Grande terá show gratuito de Almir Sater
- Alvorada Festiva abre as comemorações do aniversário da Capital
- Suspenso na pandemia, desfile cívico será retomado nos 123 anos de Campo Grande
- 123 anos de história: Campo Grande e suas curiosidades