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Reportagem Especial Sábado, 27 de Agosto de 2022, 13:48 - A | A

Sábado, 27 de Agosto de 2022, 13h:48 - A | A

Campo Grande 123 Anos

Prato típico: Qual é o que você mais gosta em Campo Grande?

Conheça histórias de pessoas que fazem receitas vindas de influências de migrantes

Renata Silva
Especial para o Capital News

Acervo pessoal

Prato típico: Qual é o que você mais gosta em Campo Grande?

Sobá, prato típico de origem japonesa

Sopa paraguaia, arroz carreteiro, chipa, sobá, quando o assunto é comida típica, Mato Grosso do Sul sai na frente e a pauta fica deliciosa. Embora o estado seja jovem comparado a outras regiões do país, seu território vem sendo ocupado há séculos por migrantes de vários locais, inclusive de fora do país.

Em Campo Grande não é muito difícil, encontrar uma roda de amigos com tereré, uma chipa num café na esquina e até o soba em restaurantes em bairros, a Capital do estado é palco de uma gama de tradições e costumes. No aniversário de 123 anos da cidade morena vamos mostrar exemplos de pessoas que reproduzem as influências que receberam dos migrantes que por aqui passaram ou que fazem morada.

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Prato típico: Qual é o que você mais gosta em Campo Grande?

Dona Dora e as filhas Cirlene e Sônia. Sopa paraguaia da dona Dora quentinha saindo do forno


Se você já foi no Paraguai ou aqui mesmo no Estado com certeza conhece a sopa paraguaia, um bolo salgado preparado com milho, cebola, queijo, ovos e leite. A dona Doralina de Bairros de 74 anos, mais conhecida como dona Dora adaptou a receita que aprendeu com a mãe no Paraguai.

Moradora do bairro Caiçara, a idosa está ha 51 anos esta em Campo Grande, mas a infância foi em Ponta Porã. Foi no país vizinho, através da mãe que a aposentada aprendeu a culinária paraguaia, entre o que aprendeu, a sopa paraguaia, que mais caiu no gosto da família.

“Eu me sinto paraguaia, porque gosto de todas as comidas de lá”


A receita que dona Doralina herdou da mãe, foi passada para as filhas. Ela adaptou a receita para que as crianças da casa pudessem comer, por isso a cebola é picada e o queijo à vontade, Hummm! “Eu me sinto paraguaia, porque gosto de todas as comidas de lá”, destaca.

 

Quem também segue os passos da família, é o cozinheiro Tadashi Katsuren de 29 anos, mas no caso, ele seguiu os passos dos avós, o avô Hiroshi Katsuren e a avó Yasuko Katsuren. Tadashi conta que os avós vieram do Japão por volta de 1953, de navio junto com o pai, tia, ainda crianças de colo.

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Prato típico: Qual é o que você mais gosta em Campo Grande?

Avô de Tadashi levantando o macarrão

Acervo pessoal

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Avô de Tadashi levantando o macarrão

Segundo o cozinheiro os avós foram os primeiros a vender sobá na feira em 1965, eles ficaram trabalhando no local cerca de 2 anos, até que o avô decidiu fechar para abrir um restaurante. O Sobá já era, na época, um prato consumido entre os japoneses, mas não comercializado.


O sobá é uma receita de origem japonesa, ganhou gosto em terras pantaneiras. A combinação de macarrão, omelete, carne de porco, cebolinha e um caldo com temperos típicos foi trazida para Mato Grosso do Sul na década de 50 pe em 2006, virou patrimônio histórico e cultural de Campo Grande.

Em 1982, os pais de Tadashi, Takeshi Katsuren e a Niria Nishihira Katsuren voltaram a abrir uma barraca na feira trazendo a mesma receita dos avós, de lá pra cá o local nunca mais fechou. A mãe faleceu em 2020 e hoje é ele quem toca o negócio da família.

São mais de 40 anos fazendo a receita que conquistou os campo-grandenses. “Vale ressaltar que a receita que originou o Sobá de Campo Grande chama-se Okinawa Sobá, a maioria dos imigrantes japoneses de Campo Grande vieram desta ilha”, frisou.

Acervo pessoal

Prato típico: Qual é o que você mais gosta em Campo Grande?

Tadashi seguindo os passos dos avós

Além da culinária uma bebida que se tornou típica na capital é o tereré, uma chá gelado com erva mate que se diferencia do chimarrão por ser servido gelado. Segundo a literatura, a invenção do uso do tereré deve-se ao povo guarani, mas a bebida assim como todos os aspectos a ela relacionados, é uma tradição do Paraguai.

"É como uma forma de respeito os mais jovens encher o tererê para os adultos"

Acervo pessoal

Prato típico: Qual é o que você mais gosta em Campo Grande?

Mayck e sua bebida de milhões


Neto de bisavós paraguaios o Gerente Comercial Mayck Barreto de 29 anos, nasceu em Bela Vista, município que fica a 121 quilômetros de Campo Grande e faz fronteira com Paraguai. Ele foi criado no meio da cultura Paraguaia e recorda que, desde pequeno, nas rodas de tereré com a família era ele que enchia o copo do tereré. “Para a família é como uma forma de respeito os mais jovens encher o tererê para os adultos. Inclusive esperávamos ansiosos pelo dia que não seríamos os ”mais novos” pra participar dessa roda diária”, detalhou.

 

Mayck mora sozinho desde os 16 anos e de lá para cá não recorda de ter ficado um só dia sem tomar tereré. “É um vício mesmo, no mínimo uma vez, para finalizar o dia e bater um papo com amigos. Outra coisa que eu trago comigo é nossa chipa e caburé, ahhh esses dois são meus prediletos, sempre que vou até minha cidade ou alguém vem, é de lei eu comer os dois pra matar saudade”, brinca.

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