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Ademar da Silva Jr. Terça-feira, 09 de Dezembro de 2008, 09:30 - A | A

Terça-feira, 09 de Dezembro de 2008, 09h:30 - A | A

A crise da economia mundial e o agronegócio...

Ademar Silva Junior - Presidente da FAMASUL

A crise da economia mundial e o agronegócio...

Analisar quais os reflexos da crise financeira nos Estados Unidos e os efeitos que serão sentidos no Brasil e, principalmente, no agronegócio, não é tarefa fácil nem para os analistas de mercado. O que os produtores rurais brasileiros estão percebendo e, consequentemente, os demais empreendedores da cadeia do agronegócio, é uma estagnação de mercado com poucos ou nenhum investimento para incremento de tecnologias. 

É claro que a falta de investimentos no campo também está ligada à crise que o setor vem enfrentando há anos como a falta de crédito, políticas públicas e de restrição de mercado como supertaxações na União Européia, na China e também nos Estados Unidos para algumas commodities. Se houver uma força extra, a “quebradeira norte-americana” não será tão avassaladora como noticiado nos jornais. 

O quadro não é favorável para o próximo ano, mas não tenho previsões tão negativas para os produtores brasileiros. Teremos um período de estagnação para 2009, mas os outros países não deixarão de comprar milho, soja, carnes, frutas, entre outros produtos. Certamente, o setor primário deve sofrer mais que os outros, por conta de fatores citados acima, e não ocasionados pela crise da economia mundial. 

Os produtores rurais são pessoas trabalhadoras. Faça chuva ou sol, não tem um dia que não estejam em função da propriedade, da produção, preocupados com os índices da economia. Quem investiu e se programou, certamente não será tão prejudicado. Os números mostram que o agronegócio tem “carregado nas costas” os bons resultados da balança comercial brasileira e, se o Governo Federal não está lá muito preocupado com a crise é porque o agronegócio será novamente o salva-vidas da economia nacional.

O superávit da balança comercial do agronegócio brasileiro alcançou US$ 60,3 bilhões nos últimos 12 meses, enquanto os setores da indústria e serviços acumularam, no mesmo período, um déficit de US$ 33,7 bilhões. Em outubro deste ano, o saldo da balança comercial do agronegócio brasileiro atingiu US$ 5,5 bilhões, superando em 6,6% o resultado do mesmo mês no ano anterior. Em contrapartida, o saldo total da balança comercial alcançou em outubro o valor de US$ 1,2 bilhão, resultado inferior ao obtido no mesmo mês do ano anterior. Isto indica que enquanto a balança comercial do agronegócio, no mês, foi superavitária, os demais setores da economia, como indústria e serviços, apresentaram um déficit no saldo de US$ 4,3 bilhões. 

Novamente, cumpriremos o papel de produzir alimentos, de exportar e de gerar divisas positivas. Dessa forma, garantiremos que a crise norte-americana não “aporte” em terras brasileiras. 

Ademar Silva Jr.

Presidente da FAMASUL – Federação da Agricultura e Pecuária de MS

Vice-presidente de Finanças da CNA – Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil

 

 

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