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Ademar da Silva Jr. Quarta-feira, 25 de Junho de 2008, 09:00 - A | A

Quarta-feira, 25 de Junho de 2008, 09h:00 - A | A

A representatividade política do setor rural

Ademar Silva Junior - Presidente da FAMASUL

A representatividade política do setor rural

O brasileiro não vê a política com “bons olhos”. Se sairmos as ruas e perguntarmos sobre a atuação de determinado deputado estadual, prefeito ou vereador, dificilmente teremos uma resposta pontual. “Fulano de Tal atuou e garantiu incentivos para o agronegócio”. Num país onde a população não lembra em quem votou nas últimas eleições, você pode pensar que é muito cobrar uma resposta sobre a atuação daquele político que ele ajudou a eleger. Infelizmente, não é.

Hoje, todas as decisões importantes giram em torno da política. A política que garante a nós, população, melhor acesso à saúde, à educação, e também influencia nas decisões dos nossos negócios. Se hoje passamos por dificuldades, é porque os políticos que elegemos não estão correspondendo à confiança que demos a eles quando apertamos o botão que garantiu seu mandato.

O quadro do setor rural, principalmente nas propriedades rurais, tem mudado em Mato Grosso do Sul, porque estamos mais conscientes do nosso voto e de quem elegemos.

A representatividade política do agronegócio trata-se de uma necessidade a ser atendida para garantir que o setor continue sua trajetória de crescimento. Nem sempre, na história política ou econômica de um país, o equilíbrio e a igualdade de forças na defesa de direitos e interesses de um determinado setor acontece por acaso. Muitas vezes trata-se de uma conquista que requer planejamento e estratégia e, como tal, demanda tempo e esforço.

Nas últimas décadas foi esta a trajetória trilhada pelo setor produtivo brasileiro, que em menos de 30 anos passou de esforçado provedor das necessidades internas para detentor do status de potencial produtor de gêneros alimentícios para todo o mundo. Isso à custa de muito trabalho, dedicação e investimentos, principalmente por parte de quem se dedica à atividade agropecuária, já que a participação governamental neste setor, mesmo tendo avançado, ainda está distante do que poderia ser considerado ideal.

Assim, cabe aqui um questionamento: quem é mais apto a exercer a representatividade política do setor rural senão quem melhor conhece as necessidades do campo, quem precisa administrar e tornar rentáveis verdadeiras “indústrias a céu aberto”, sujeitas a fatores nem sempre previsíveis ou controláveis?

Dessa vez a resposta é simples: mais apto é quem, acima de todo esse conhecimento, faz bom uso do poder que a representatividade política confere a quem dela fica encarregado. É quem aceita a responsabilidade de interferir na determinação das questões que sejam alvo de decisão, a chamada “agenda”; de apoiar ou vetar estas decisões; e ainda de buscar alternativas para minimizar situações de conflito social, impedindo que se chegue a impasses.

Não se trata de uma “nova visão” da representação política, mas, antes, de um alerta para aqueles que a desejam ou pelo menos almejam a possibilidade de participação na vida política, seja do município, estado ou país.

Cabe por fim lembrar que grande parte da insatisfação dos cidadãos com as instituições ou com a atuação de quem as representa passa pelo descompasso entre percepções e práticas “idealistas” e “realistas”. Podemos tomar cuidado para que isso não aconteça com o setor produtivo brasileiro, que vive um momento propício à consolidação de uma representatividade política mais que merecida e à altura de sua importância econômica.

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