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Ademar da Silva Jr. Terça-feira, 31 de Março de 2009, 09:15 - A | A

Terça-feira, 31 de Março de 2009, 09h:15 - A | A

Será que a indústria frigorífica é realmente competitiva?

Ademar da Silva Junior - Presidente da FAMASUL

Será que a indústria frigorífica é realmente competitiva?

Bastou uma crise de confiança e crédito surgir no horizonte das indústrias frigoríficas do Brasil e elas começaram a fechar suas portas, demitir, deixar de recolher seus impostos, e, o que é pior, não cumprir com os compromissos financeiros feitos com seus principais credores – Os Pecuaristas.

A história das indústrias frigoríficas nos mostra um passado negativo. Essas empresas eram meros matadouros, que forneciam carne bovina de péssima qualidade e em condições de higiene lamentáveis a população brasileira das grandes cidades, que eram centros de crescimento. Já nas pequenas cidades do interior, o abate era precário e o asseio inexistente. Essas indústrias eram os tão famosos “Frigomato”.

Meio século depois, vimos algumas destas empresas se tornarem grandes multinacionais, com grande concentração de plantas modernas e gigantes (2.000 a 3.000 bois/dia) e serem reconhecidas mundialmente como os “Os Donos da Carne”. Eles compraram, arrendaram e anexaram a esta gigantesca rede nacional, as também enormes, modernas e não menos competitivas empresas do setor nos EUA, Austrália e América do Sul (Argentina, Uruguai e Paraguai).

O que tem de novo neste cenário? Nos parece que persiste, ainda como na época do “Frigomato” a falta de gestão, a sonegação e a velha estratégia de se dar bem à custa do erário público e do suor do produtor rural, esta é a verdade sobre a crise dos frigoríficos no Brasil.

Nestes mesmos 50 anos a pecuária cresceu, investiu em tecnologia, genética e pastagens, proporcionando carne de melhor qualidade e na quantidade que o Mundo precisa, e o maior resultado disto pode ser percebido no saldo da balança comercial no setor de carnes.

Mas, porque ainda estamos lidando com problemas nesta cadeia? Calotes, sonegação, recuperação judicial, seja de pequenas ou de grandes indústrias. Será que esta indústria é realmente competitiva, ou soube crescer nas benesses do dinheiro fácil do mercado e do governo?

Fica aqui a nossa dúvida, e eu gostaria de saber a resposta, porque estamos fazendo muita força para que novamente haja ajuda financeira de mercado e governo a esta indústria. Espero que os nossos governantes entendam que o elo frágil desta cadeia é o pecuarista e que necessita também de proteção, não de assistencialismo, mas de uma legislação que permita a ele vender e ter a garantia de que vai receber pelo seu produto. Isto é regra básica de qualquer país que se diz democrático. Só espero que não estejamos mais uma vez dando um tiro no pé - transfiro aqui toda a responsabilidade aos governantes deste país e do nosso estado, para que nos dê esta segurança, pois a garantia de trabalhar dia e noite, chova ou faça sol, nós damos, gerando emprego e renda a todos.

Que não permitamos mais a nenhum empresário esconder atrás de desculpas e falácias a sua ineficiência. Aos governantes peço que protejam por lei aqueles que realmente são competentes e geram a grande riqueza deste país. Aos produtores deixo uma única recomendação neste momento de preocupação: vendam à vista, exijam garantias creditícias e diminuam a sua produção agregando valor a seu produto, pois estamos sendo exterminados devido a nossa alta competência em produzir e a nossa péssima gestão em vender.

Ademar da Silva Junior

Presidente da FAMASUL

Vice-presidente da Finanças da CNA

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