Literalmente, transição significa o ato, efeito ou modo de passar lenta e ininterruptamente de um lugar para outro, de um patamar ou estágio para outro, de uma condição para outra; obedecendo a um ritmo compassado, até que se tenha alcançado a outra realidade.
É exatamente isso que vem ocorrendo em diversos segmentos do setor produtivo brasileiro, e de forma mais acentuada, no sul-mato-grossense.
Passado o período de crise, desencadeado pelo surgimento de focos de febre aftosa em 2005, que acabou resultando em uma superabundância de carne bovina, mudanças importantes começaram a ser implementadas por quem se dedica à pecuária de corte no estado. Um número expressivo de pecuaristas optou pelo abate de matrizes e conseqüente redução do rebanho como estratégia para diminuir a oferta e recuperar preços.
Deu certo. Nos últimos meses de 2007 e início de 2008 a arroba do boi teve alta constante e chegou a ultrapassar valores praticados antes da crise. Os últimos dias, entretanto, mostraram o quão é frágil a estabilidade ou alta do preço do produto, que voltou a experimentar queda em função da recente decisão da União Européia de não mais importar a carne brasileira Esta decisão coloca toda a cadeia produtiva da carne bovina em estado de alerta.
Seja ela uma medida arbitrária ou não, injustificada ou não, política, protecionista, previamente anunciada, não é o que importa agora. O que interessa é que esta decisão evidencia a urgência de se solucionar questões há tempos discutidas, mas não resolvidas, o que deixa o setor produtivo sempre em posição de refém.
Se experiências anteriores provaram que é em meio às dificuldades que surgem as oportunidades de mudança e de avanço, a hora é agora. O momento é mais que propício para que a cadeia cheque o seu modo de produção, conheça a fundo os custos dessa produção, enfim, se organize e se fortaleça. Não cabe mais discutir o Sisbov-Eras para apontar falhas e entraves para colocá-lo em prática.
A discussão deverá estar centrada na resolução dessas falhas e entraves. Pecuaristas, donos de frigoríficos, entidades representativas, o Estado e a União precisam se unir para encontrar um caminho que mude, de uma vez por todas, a condição da pecuária de corte brasileira, de refém para dona da bola que manda no jogo.
O trabalho é complexo, difícil e exigirá muito esforço de todos até que se atinja o objetivo comum: o avanço definitivo da cadeia produtiva da carne bovina brasileira.
Conhecer e dominar cada etapa das atividades a que nos dedicamos. É esse o caminho mais curto para se alcançar metas pretendidas. Exemplo disso têm dado os setores da agricultura sul-mato-grossense direcionados para a produção de alimentos e de bio- energia.
A cada ano a produtividade supera mais e mais, em proporção, o crescimento da área utilizada. Isso significa mais investimentos em pesquisas e desenvolvimento de tecnologias que retornam em forma de maior rentabilidade, mais possibilidades de re-investimentos, o que permite que a atividade se auto-sustente e avance.
Desde a última safra tem sido esta a realidade da soja, do milho em Mato Grosso do Sul, e ao que tudo indica será também a da cana-de-açúcar que chega ao Estado sob a tutela do zoneamento agro-ecológico, da pesquisa em busca de espécies mais adequadas ao clima, aos solos, que serão definitivos para a expansão do setor sucro-alcooleiro com o sucesso que se espera dele.
A partir da efetiva organização e fortalecimento de suas cadeias produtivas, atividades como a avicultura, ovinocultura, suinocultura, piscicultura, silvicultura, fruticultura que já têm expressão em Mato Grosso do Sul poderão conquistar um espaço imenso, ainda disponível, para se desenvolverem e se firmarem de modo a contribuir para que o estado continue a merecer a posição de destaque a que faz jus no Brasil e no mundo.