Sede da FAMASUL em Campo Grande - MS
A criação da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul, a FAMASUL, há três décadas, é a prova da grandeza que o setor tem no Estado e no País. No passado alguns poucos sindicatos rurais começaram a se erguer nessas regiões com o trabalho de mãos firmes e mentes sábias de homens como Sylvio Mendes Amado, Otair Hidelbrando de Ávila, Eduardo Machado Metello, José Armando Amado e Leôncio de Souza Brito, que passaram pela presidência dessa instituição. Hoje a Famasul reúne 69 sindicatos rurais e mostra o nosso primeiro objetivo alcançado: 90% das cidades têm seu próprio sindicato e com isso a defesa do produtor rural garantida. Nesses 30 anos de história a federação foi palco de muitos acontecimentos importantes como a criação do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural de MS – o Senar, em 1993 e a criação da Fundação Educacional para o Desenvolvimento Rural – Funar, em 1996. Mas, falemos agora de uma época em que o agronegócio sul-mato-grossense se deparou com novos desafios, grandes revoluções econômicas, discussões importantes para o setor e também momentos gloriosos: a última década.
Comecemos por lembrar uma das piores crises da pecuária sul-mato-grossense que se instalou sobre os produtores rurais do Cone-Sul do Estado e das áreas de fronteira: a febre aftosa. Nessa época, o preço da arroba do boi caiu drasticamente. Então, com a pecuária aos pedaços, toda a economia foi abalada. Felizmente, com muita luta, companheirismo e união dos produtores rurais, sindicatos e Famasul, em 2008, já no meu mandato como presidente da federação, Mato Grosso do Sul foi considerado área livre de febre aftosa pela Organização Mundial de Saúde Animal – OIE.
Nessa mesma época, com a quebra da atividade pecuária, pudemos testemunhar o “boom” de investimentos do setor sucroalcooleiro no Estado, que resultou em um expressivo aumento tanto na indústria, como na produção. Hoje, temos 14 usinas já em operação, 11 em fase de implantação e 17 novos projetos para 2010 e 2011. Nossa produção neste ano chegou a 34 milhões de toneladas de cana-de-açúcar, o maior de nossa história. Os avanços e o crescente ritmo de investimentos não pararam por aí. Atividades como a avicultura e a silvicultura tiveram um crescimento expressivo nos últimos dez anos quebrando o então binômio econômico boi-soja a que o Estado estava acostumado. Em 1999 a nossa produção de aves era de 15 milhões de cabeças e este ano chegamos a dobrar essa produção, 30 milhões.
Já no foco das mais importantes discussões desta década está a questão ambiental no campo. Nós, produtores rurais, temos tido mais voz e mais oportunidades de protagonizar essas discussões, que estão relacionadas diretamente a nossa atividade produtiva. Pela primeira vez pudemos mostrar para a sociedade que estamos sim preocupados com o meio ambiente e por isso levantamos a bandeira do desmatamento zero. Em nosso Estado possuímos 90,78% do Pantanal preservado e 32% de preservação no Cerrado. Esses índices refletem a responsabilidade que temos tido em trabalhar a favor a sustentabilidade.
Quanto às mudanças de paradigmas, lembremos de uma das importantes batalhas da Famasul nesta década: Derrubar as fronteiras entre sociedade urbana e o campo e levar o empreendedorismo para o setor. Nos últimos anos, trabalhamos na criação de alternativas tecnológicas e interativas que facilitem a busca pela informação por parte do produtor rural e informem a sociedade urbana sobre os acontecimentos que envolvem o nosso negócio no Estado. Sites, blogs, campanhas publicitárias e internet. Essas formas de comunicação, cada vez mais, fazem parte da realidade do produtor rural. Iniciativas como o Programa Empreendedor Rural – PER, o Gestão Sindical e o Inclusão Digital, vem sendo implantados em Mato Grosso do Sul, com a ajuda da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil - CNA e do Senar, gerando resultados de sucesso e conscientizando cada vem mais os nossos produtores de que somos empresários rurais e esse é o nosso negócio.
Como disse, a última década foi promissora e trouxe acontecimentos significativos para o setor no mundo, no Brasil e em Mato Grosso do Sul. Quanto ao futuro, devemos lembrar que o Brasil já é uma das maiores potencias do mundo e o agronegócio, é com certeza a maior vocação econômica deste país. Representamos 24% do produto interno bruto (PIB), empregamos 37% da força de trabalho nacional e geramos 36% das exportações. Por isso, lado a lado com tantos desafios que já são próprios do setor, como as intempéries climáticas, as questões ambientais e falta de políticas públicas para o setor, vamos persistir e nos empenhar para transformar o campo em um cenário de empreendedorismo e gestão qualificada. Preparar o homem do campo para os desafios de uma nova era é o que a Famasul e a CNA planejam e é com certeza o que nós faremos.