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Reginaldo Leme Sexta-feira, 19 de Junho de 2009, 12:00 - A | A

Sexta-feira, 19 de Junho de 2009, 12h:00 - A | A

A casa de todos...

Jornalista Reginaldo Leme

A casa de todos...

Pista de Silverstone na Inglaterra

É sempre importante vencer no seu país. Para os ingleses, mais ainda porque Silverstone é, na verdade, a casa de todos

Veio de Nigel Mansell a última dose de autoconfiança que ainda cabia em Jenson Button. Na edição da Autosport da semana do GP da Inglaterra, quando a tradicional revista alcança a sua maior vendagem do ano, o eterno ídolo Mansell, que os ingleses amam e consideram o mais romântico e guerreiro de todos os seus pilotos, define Button como o melhor piloto da F1 atual. Algo que ele nunca falou de Lewis Hamilton.

Confiança e moral elevado, entretanto, não bastam para garantir uma vitória em casa. Apesar de quase todos os grandes pilotos britânicos que passaram pela F1 terem vencido em Silverstone, três campeões mundiais, e todos eles ingleses, ficaram sem esta marca na carreira. Mike Hawthorn, campeão em 58, foi quatro vezes ao pódio; Graham Hill, bicampeão em 62 e 68, também fez quatro pódios e John Surtees, campeão em 64, fez cinco pódios seguidos. Na última vez que correu em casa, em 1971, John Surtees, já veterano e dono de sua própria equipe, terminou a corrida em sexto declarando que encerrava a carreira triste porque faltou esta vitória.

É sempre importante vencer no seu país. Para os ingleses, mais ainda porque Silverstone é, na verdade, a casa de todos. Se perguntarmos para qualquer piloto da F1 qual o circuito em que ele mais treinou ou correu em toda a carreira, a resposta, certamente, será Silverstone. O máximo do exagero aconteceu em 1989, quando Mansell tinha deixado a Williams para correr na Ferrari e já somava duas vitórias no circuito, mas ficou tão aborrecido por ter chegado em segundo atrás do companheiro Alain Prost, que desceu do pódio e chamou a imprensa inglesa para dizer que não correria mais na F1. Para sorte de todos nós, era apenas mais uma insensatez do explosivo e genial Mansell, que continuou correndo e venceria ainda mais duas vezes na Inglaterra, depois de sair da Ferrari e voltar para a Williams.

No momento, Button tem enorme chance de se tornar o 13º britânico a vencer o GP em casa e, depois dos elogios de Mansell, ele entra na pista hoje com tudo. A pista de Silverstone tem todo tipo de curvas e, ainda, bons trechos de reta. Como tudo depende de se encontrar o compromisso ideal entre o ajuste mecânico e o ajuste aerodinâmico, o carro da Brawn tende a ser dar bem. Red Bull e Toyota podem fazer frente. Qualquer outro resultado será uma surpresa, inclusive da Ferrari, que deu pinta de ter reencontrado o caminho, mas decepcionou na Turquia.

O curioso de Silverstone é que, mesmo sendo um circuito veloz, o que define ganho e perda de tempo são as curvas lentas, nas quais tração é essencial. Não é nada fácil deixar um carro constantemente equilibrado em Silverstone por causa da forte influência do vento. Tudo é muito plano ao redor do circuito e, por isso, o vento influi no comportamento do carro, especialmente em curvas velozes como a Copse, Becketts e Stowe. Também por causa do vento, apesar das longas retas, em vez de tirar pressão aerodinâmica, os engenheiros são obrigados a optar por uma pressão razoável – de um a dez, nível oito. Tomara que na despedida de Silverstone da F1 – no mínimo, pelos próximos dez anos de contrato com Donnington – a Inglaterra tenha uma corrida à altura da tradição do país que é sede do automobilismo mundial.

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