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Reginaldo Leme Sexta-feira, 26 de Junho de 2009, 17:00 - A | A

Sexta-feira, 26 de Junho de 2009, 17h:00 - A | A

Tropeço no tempo...

Jornalista Reginaldo Leme

Tropeço no tempo...

Max Mosley cai por ter enfrentado as montadoras

Quem ganhou e quem perdeu é uma questão que não está muito bem clara para o torcedor da F1. Houve uma briga política e uma briga por conceitos, e aquele que acabou derrotado politicamente sai da presidência da FIA deixando como herança a compreensão da necessidade de as equipes gastarem cada vez menos, até que seja alcançada a auto-suficiência. Ou seja, que as equipes gastem para disputar o Mundial o mesmo que elas conseguirem arrecadar em prêmios e venda de patrocínio. A diferença entre as grandes e as pequenas não desaparecem, mas é assim no futebol e em qualquer outro esporte. O importante é que a possibilidade de uma equipe pequena sobreviver competitivamente será muito maior do que nos dias de hoje.

Max Mosley acertou no conceito e errou na forma. Ele não entendeu que o autoritarismo de um tempo em que a FIA resolvia e as equipes obedeciam não cabia mais na época em que as grandes montadoras se tornaram sócias ou proprietárias de cinco das dez equipes do campeonato, além de ceder motores para as outras cinco. Mosley nunca foi a favor da presença das montadoras no mundo criado pelas equipes, todas elas - com exceção da Ferrari - nascidas em fundo de quintal. Ele entendia que as marcas viveriam na onda de entrar e sair da competição de acordo com as oscilações do mercado, sem compromisso com a história da F1. As duas últimas décadas mostraram que ele estava com a razão. Tantas equipes tradicionais foram engolidas pela escalada dos custos de manutenção, inclusive a sua própria, que era a March. E hoje só é grande quem se associou a uma montadora.

Isso inclui a própria Ferrari, que pertence à Fiat; a McLaren, que hoje é controlada pela Mercedes-Benz, assim como a Sauber é controlada pela BMW; a Renault, que absorveu a antiga Benetton, e a Toyota. A origem da Brawn, que lidera o campeonato, é a Honda, que ingressou na F1 comprando a BAR, mas desistiu no final do ano passado e hoje enfrenta o pesadelo de ver a equipe liderando o Mundial depois de ter deixado de carregar o nome da montadora japonesa e, ainda com as contas pagas por ela, fazer o motor Mercedes-Benz liderar o Mundial. A F1 da época das montadoras inevitavelmente caiu no dilema dos custos ilimitados. De um lado, as fábricas interessadas em fazer daquilo um laboratório sem limite de gastos. De outro, a FIA preocupada com estes gastos que criavam um abismo cada vez maior entre as grandes e as pequenas.

Já quando a Honda saiu, ele começou a falar em limitar os gastos por temer que, em época de crise, outras seguissem o mesmo caminho. Mesmo acertando no conceito, Max perdeu a briga pela forma autoritária com que tentou impor suas idéias, sem se dar conta de que o poderio das montadoras era irreversível. Ele se iludiu com uma vitória parcial, que foi a saída do inimigo histórico Ron Dennis do comando da McLaren. A saída de Dennis tinha sido apenas estratégica, mas levou Mosley a acreditar que o próximo alvo – Luca di Montezemolo – também estava vulnerável. Foi aí que ele tropeçou.

Mosley cai por ter enfrentado o poder das montadoras que ele tentou afastar da F1. Mas a sua idéia de custo mais baixo passa a ser meta das próprias equipes e já trouxe três novas participantes – a Campos espanhola, a Manor inglesa e a norte-americana US F1. Treze equipes e 26 carros no grid em 2010, o que a F-1 não tinha desde 1995.

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