A Bolívia enfrenta uma grave escassez de combustível, afetando diversos setores da economia, incluindo a produção de leite, cana-de-açúcar, soja, mineração e transporte de cargas. Produtores e fornecedores do país declararam estado de emergência devido à falta de diesel e gasolina. Eduardo Cirbián, presidente da Federação Departamental de Produtores de Leite (Fedeple), alertou que a escassez compromete a distribuição e produção de leite, podendo resultar na perda de 1 milhão de litros do produto. Como consequência, protestos foram anunciados pelos produtores de leite de Santa Cruz de la Sierra.
Além disso, a escassez de combustíveis impacta as cidades fronteiriças de Puerto Quijarro e Puerto Suárez, onde grandes filas se formam nos postos de combustíveis. Caminhões aguardam nas margens da estrada Bioceânica em Puerto Suárez, em busca de abastecimento. O setor sucroenergético também está sendo fortemente afetado. A Comissão Nacional dos Produtores de Cana-de-Açúcar (Concabol) alertou que a falta de diesel tem prejudicado a realização de atividades agrícolas, como adubação e fumigação, e ameaça o fornecimento de etanol para 2025.
A crise também afeta o setor minerador, especialmente em La Paz, onde cooperativas de mineração de ouro enfrentam sérias dificuldades operacionais devido à falta de combustível. A Federação Departamental de Motoristas Primeiro de Maio de La Paz pediu uma revisão das tarifas de transporte, enquanto o setor de oleaginosas e trigo enfrenta o risco de perda da colheita, com máquinas paradas devido à escassez de diesel. Produtores de soja, por exemplo, já conseguiram colher apenas 5% da safra de inverno, com grande parte da produção comprometida.
Diante da crise, representantes do setor privado exigem medidas urgentes, como a liberação da importação e comercialização de combustíveis para garantir o abastecimento. Jean Pierre Antelo, presidente da Câmara de Indústria e Comércio de Santa Cruz, afirmou que o governo não tem capacidade de garantir a distribuição adequada de combustíveis e propôs a liberalização do mercado. A Câmara Agrícola Oriental (CAO) também defendeu que a solução passa pela participação do setor privado no fornecimento de combustíveis, buscando evitar uma crise alimentar e econômica no país. (Com informações do jornal El Deber)