A organização criminosa, que atuava como instituição financeira clandestina e que foi desarticulada, nesta terça-feira (21), pela operação Ouro de Ofir, fazia “lavagem cerebral” nas vítimas de seus seus golpes, utilizando técnicas de neurolinguística e apelando para a fé religiosa quem investiu uma quantia em dinheiro na esperança de estar comprando a participação nos lucros da venda internacional de ouro de uma mina explorada ainda no período imperial.
De acordo com os investigadores da Polícia Federal e da Receita Federal, a organização usava grupos de WhatsApp para se comunicar com quem caiu no golpe do enriquecimento fácil.
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“Nós constatamos que hoje de manhã ainda havia pessoas falando por meio dos grupos e fazendo os participantes acreditar que a operação se trata de uma armação da PF”, contou o Delegado Regional de Combate ao Crime Organizado da Polícia Federal, Cléo Mazzotti.
Segundo ele, os grupos de troca de mensagens por meio do aplicativo era montado pelos chamados corretores - pessoas contratadas pela organização criminosa para vender os chamados “aportes” para ter direito ao lucros da comissão de revenda do ouro. As vítimas pagavam R$ 1 mil e recebiam a promessa de receber R$ 1 milhão em troca, ou seja, lucro de 1.000%.
Nas mensagens, as vítimas liam mensagens como “você merece esse dinheiro”, você merece ficar rico”. Em grupos com a presença de pessoas que muito provavelmente professam a fé cristã, era possível ler publicações como “esse dinheiro é uma benção de Deus na sua vida”, revelou os investigadores, durante coletiva de imprensa concedida na sede da Superintendência da Polícia Federal, nesta terça, em Campo Grande.
“Esse dinheiro é uma benção de Deus na sua vida”
A organização criminosa convencia as vítimas da existência de uma suposta mina de ouro - localizada na Bahia - que foi explorada há muito tempo e cujos valores oriundos das comissões para a revenda - feita nos Estados Unidos e Europa - estariam sendo repatriados e cedidos, vendidos ou até mesmo doados a terceiros, mediante pagamentos. Outra modalidade de golpe é a promessa de liberação de uma antiga Letra do Tesouro Nacional – LTN.
Os membros da organização convencia as vítimas de que uma família de Campo Grande era a beneficiária dos valores que estariam sendo trazidos de volta ao Brasil. Para conseguir o direito de trazer o dinheiro de volta ao país, um falso acordo teria sido feito com uma Corte internacional, com a anuência da Organização das Nações Unidas. A condição imposta no acordo era de que 40% dos lucros do outro fosse repassada a terceiros, os outros 60% ficaria para a família. O valor total dos lucros superaria os R$ 2 trilhões. A PF acredita que pelo menos 25 mil pessoas caíram no golpe em todo o país.
Aproximadamente 70 policiais federais, servidores da Receita Federal e Policiais Militares trabalham para o cumprimento de 11 mandados de busca e apreensão, quatro mandados de prisão temporária e quatro mandados de condução coercitiva, na Capital e em Terenos (MS), além de Goiânia (GO) e Brasília (DF). Dos mandados de prisão temporária, três foram cumpridos e um dos envolvidos é considerado foragido. Foram presos Celso Éder Gonzaga de Araújo, Sidnei dos Anjos Peró e Anderson Flores. A identidade do quarto envolvido não foi divulgada para não atrapalhar as informações.
Outras técnicas de venda também eram utilizadas para convencer as vítimas a comprar até mais de uma cota. Os corretores faziam os participantes dos grupos de WhatsApp acreditar que a venda de participação nos lucros da mina de ouro chegariam ao fim e quem perdesse a chance, deixaria a lucrar. Eles usavam frases como: esta é a sua última chance, estamos vendendo as últimas cotas.