Terça-feira, 30 de Abril de 2024


Reportagem Especial Sábado, 13 de Maio de 2023, 13:42 - A | A

Sábado, 13 de Maio de 2023, 13h:42 - A | A

Reportagem Especial

Maio Laranja: Abuso sexual, precisamos falar sobre isso

Jovem busca ressignificar um passado de abusos através da música

Renata Silva
Capital News

Acervo pessoal

Maio Laranja: Abuso sexual, precisamos falar sobre isso

A música “O tempo não parou”, música composta por Deise fala sobre o que passou na infância

 

Uma infância marcada por violações, cicatrizes, que podem durar uma vida toda e uma vontade latente: Fazer a diferença! Essa é a realidade da Deise. Vítima de abuso sexual na infância, a mulher de 33 anos teve coragem de denunciar o agressor, 20 anos após os episódios e hoje conta sua história numa música que compôs e que foi lançada no dia 12 de maio.

Deise faz parte de uma triste e recorrente estatística relatando  que a cada hora, três pessoas são abusadas sexualmente no país, todos os anos. A jovem que é cantora e trabalha numa empresa de aviação conta que os abusos começaram aos 9 anos e duraram cerca de três anos.

"Ele não chegou a tirar
a minha virgindade..."


Segundo ela, o padrasto aproveitava a ausência da mãe, que trabalhava fora, para cometer os abusos sexuais. “Ele não chegou a tirar a minha virgindade, mas entrava no banheiro quando eu tomava banho, me levava para tomar banho com ele, passava a mão no meu corpo, se masturbava e me masturbava ”, relembra. A cantora fala que ele dizia que estava preparando ela para quando ela tivesse um namorado.

"Eu tinha medo, vergonha de contar para minha mãe, porque achava que a culpa era minha"


A jovem lembra que o padrasto fazia tudo isso e dizia que ela não podia contar para ninguém porque era o segredo deles. “Eu tinha medo, vergonha de contar para minha mãe, porque achava que a culpa era minha. Certa vez eu até comentei por cima e ela perguntou para ele que negou, a situação ficou por isso mesmo”, acrescenta.

A Deise lembra que chegou a fugir de casa para se livrar dos abusos, mas voltou. Na juventude, ela foi morar fora, a mãe se separou do padrasto e vinte anos depois ela retornou para Campo Grande, cidade de origem.

Com a volta a cidade natal, a sombra do passado veio a tona. A cantora percebeu que não estava conseguindo fazer as atividades sem lembrar do passado, entrou em depressão, foi então que resolveu denunciar.

"Quem faz esquece, mas
quem vive, nunca esquece"

Acervo pessoal

Maio Laranja: Abuso sexual, precisamos falar sobre isso

Jovem lembra que o padrasto fazia tudo isso e dizia que ela não podia contar para ninguém


Amparada pela lei Joana Maranhão, que entre as medidas, dá um prazo maior para a vítima de abuso denunciar o agressor, ela processou o ex padrasto que negou tudo. No entanto, como o crime foi cometido antes da lei ser aprovada o processo foi arquivado. “Quem faz esquece, mas quem vive, nunca esquece. A justiça é falha quanto a isso”, desabafou.


A Deise hoje faz tratamento contra depressão e terapia há mais de dez anos, para ressignificar sua história compôs uma música "O tempo não parou" que fala sobre o que passou na infância. A música vai ser lançada dia 12 de maio nas plataformas digitais e no dia 15 será lançado um clipe. “A ideia é da letra é dar visibilidade ao assunto e alcançar o maior número de pessoas. Um assunto como esse não pode deixar de ser falado”, finalizou.

"Um assunto como esse não pode deixar de ser falado"


No dia 18 de maio é celebrado o dia nacional de combate ao abuso e à exploração sexual infantil no Brasil, no entanto durante todo o mês de maio são realizadas ações para dar visibilidade ao assunto, é o chamado maio laranja. Dados da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública houve um aumento no número de crimes envolvendo crianças e adolescentes no Estado.

Em 2021 foram registrados 924 ocorrências de estupros contra crianças de 0 a 11 anos de idade, em 2022 foram 980, são 56 a mais no ano passado. Este ano, de janeiro a abril a Sejusp já registrou 351 casos.

 

 

 

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Sára Machado Porto 13/05/2023

Sei bem como é isso também sofri abuso n minha infância

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