Apesar dos ataques da Rússia em território ucraniano nas últimas quase 24 horas, pesquisadores ouvidos pela Agência Brasil ainda apostam em uma saída diplomática para a disputa. O fato de o conflito envolver potências nucleares, como a própria Rússia e os Estados Unidos, por exemplo, impõe limites para uma solução armada. A guerra recupera conflitos geopolíticos que remontam à Guerra Fria, mas que, num contexto atual, estão relacionados aos interesses de países do Ocidente em avançar em controle e influência nos países do Leste Europeu, que faziam parte da antiga União Soviética.
Na visão do professor de Relações Internacionais e Economia Giorgio Romano Schutte, da Universidade Federal do ABC (UFABC), o caso repete um script já adotado por Vladimir Putin, presidente russo, no conflito envolvendo a Geórgia, em 2008. “Você teve cinco dias de confrontos pesados entre o exército da Geórgia e da Rússia e depois um cessar-fogo, uma negociação, e ninguém mais fala da entrada da Geórgia na Otan [Organização do Tratado do Atlântico Norte]”, disse.
- Saiba mais
- Lula recusa convite de Putin para ir a fórum econômico
- Após ataque russo, maior usina nuclear da Europa está em chamas
- OMS registra ataques a hospitais na Ucrânia
- Festival de Cinema de Cannes suspende a Rússia
- ONU faz reunião de emergência após ataque à usina nuclear da Ucrânia
- EUA ampliam sanções contra Rússia e anunciam restrições à Bielorrússia
- Avião da FAB que resgatará brasileiros parte para a Polônia
- Corte Internacional decide que Rússia deve retirar tropas da Ucrânia
- Itamaraty: cerca de 40 brasileiros embarcam em trem para sair de Kiev
- Brics: Brasil defende resolução pacífica para guerra na Ucrânia
- Brasil permitirá acesso de ucranianos a passaporte humanitário
- Presidente norte-americano diz que Rússia deveria sair do G20
- Mais de 5 mil manifestantes antiguerra já foram detidos na Rússia
- Embaixada brasileira em Kiev faz alerta após bombardeios russos
- Kamala Harris acusa Rússia de crime de guerra e pede investigação
- ‘Em uma guerra não tem ganhadores, mas sim perdedores’ avalia Verruck
- Zelenskiy questiona Conselho de Segurança da ONU na manutenção da paz
- “Com guerra na Ucrânia, retomada da UFN3 pode atrasar”, diz Verruck
- Rússia acusa Ucrânia de usar comunidade pacífica como escudo vivo
- Otan diz que vai impedir que Moscou expanda a agressão
- Avião da FAB parte na segunda para resgatar brasileiros na Polônia
- Jogador de MS que estava na Ucrânia chega em Campo Grande
- PMA eleva nível de assistência alimentar na Ucrânia
- Chanceler diz que Brasil não enviará à Ucrânia munição para tanques
- PF: Brasil já recebeu 894 ucranianos desde a invasão russa no país
- Rússia: brasileiros relatam situação na região de conflito
- Ucrânia: Itamaraty instrui embaixador brasileiro a retornar a Kiev
- “Mostrem que estão conosco”, pede presidente ucraniano a europeus
- Após apelo, Embaixada diz que irá resgatar jogadores brasileiros na Ucrânia
- Ucrânia afirma ter matado 200 soldados russos em um único dia
- Conselho de Segurança pede reunião emergencial da Assembleia Geral
- Putin vê “mudanças positivas” nas negociações com Ucrânia
- Chanceler brasileiro conversa com representantes dos EUA e da China
- Brasil concede 74 vistos para ucranianos em março
- ONU: países pedem cessar-fogo russo e solução pacífica para conflito
- Campo-grandense se prepara para ir à guerra na Ucrânia
- Presidente da Ucrânia diz que quase 9 mil soldados russos foram mortos
- Conflito na Ucrânia leva Europa a reforçar orçamentos de defesa
- Crise na Ucrânia: na ONU, Cuba acusa a Otan de agir com “hipocrisia”
- Otan: “Não vamos entrar na Ucrânia, nem no espaço aéreo, nem em solo”
- ONU aprova resolução que condena invasão da Ucrânia pela Rússia
- Chanceler da Ucrânia pede mais sanções contra a Rússia
- Representante da Ucrânia no Brasil sugere conversa entre presidentes
- Embaixador na ONU diz que Brasil está preocupado com os vulneráveis
- Ucrânia vai ao Tribunal de Haia contra a Rússia
- Governo prorroga concessão de visto para refugiados ucranianos
- Brasileiro relata misto de alívio e preocupação ao chegar ao Brasil
- Senadores lamentam ataque da Rússia à Ucrânia
- Rússia diz que cortará gás de países que não pagarem em rublo
- Jogador sul-mato-grossense deixa Ucrânia e deve chegar ao Brasil nos próximos dias
- Biden anuncia novas sanções contra a Rússia
- Embaixada da Ucrânia espera posição forte do Brasil sobre guerra
- Ministro diz ser contra sanções e pede permanência da Rússia no FMI
- Rússia não comparece à audiência na Corte Internacional de Justiça
- Ucrânia: Brasil vai manter posição de equilíbrio, diz Bolsonaro
- Federação de Automobilismo se une a onda de sanções à Rússia
- Bolsonaro: pets poderão embarcar com brasileiros na Polônia
- “Conflito no Leste Europeu teve bastante influência no comércio entre Brasil e Estados Unidos”, diz representante da Câmara Americana de Comércio
- Premiê diz que Ucrânia está prestes a integrar rede elétrica europeia
- Durante show, presidente russo diz que país nunca esteve tão forte
- Guerra: Sul-mato-grossense deixa hotel em Kiev
- Guerra chega ao cem dias com 20% da Ucrânia tomada e crise de refugiados
- Otan não enviará tropas para lutar ao lado dos ucranianos
- Invasão russa: Itamaraty apela para a suspensão imediata do conflito
- Otan decide ampliar defesas no flanco oriental da aliança militar
- Brasileiros que saíram de Kiev chegam à Romênia
- Governo vai recorrer a voos comerciais para repatriar brasileiros
- ‘Nosso DNA como nação, sempre foi de paz’, diz Nelsinho sobre Guerra
- Ministro diz que agressão da Rússia à Ucrânia é inadmissível
- Embaixada brasileira: “deve-se deixar Kiev de trem na 1ª oportunidade”
- Presidente finlandês pede calma à população sobre ingresso na Otan
- Brasil pode aproveitar conflito para aumentar produção de fertilizante potássico
- Rússia e Ucrânia vão abrir corredores humanitários para saída de civis
- Guerra entre Rússia e Ucrânia pode impactar inflação e PIB no Brasil
- Zelensky apela ao povo russo que combata a guerra
- Portaria detalha concessão de visto e residência a ucranianos
- Presidente da Ucrânia pede a Israel armas e sanções contra a Rússia
- Brasil defende integridade territorial das nações, diz presidente
- Secretário-geral da ONU condena ameaças de guerra nuclear
- Mais de 660 mil pessoas já deixaram a Ucrânia, fugindo da guerra
- Joe Biden anuncia maior sanção econômica da história à Rússia
- Grupo de 47 ucranianos chega ao Brasil em acolhida humanitária
- Presidente: posição do Brasil sobre conflito na Ucrânia é de cautela
- Secretário-geral da Otan defende soberania das nações
- Presidente russo acusa Ucrânia de planejar genocídio
- Brasil não apoia sistema de pagamento próprio do Brics, diz ministério
- Fifa impede participação da Rússia na Copa do Mundo
- Lula retorna ao Brasil após extensa agenda no Japão
- Guerra: Preços dos alimentos vai subir no Brasil
- “Não gastamos o suficiente em defesa”, diz chanceler britânica
- Parlamento Europeu condena ação militar russa na Ucrânia
- ONU vai investigar se Rússia viola direitos humanos na Ucrânia
- Rússia diz que 498 soldados russos morreram; Ucrânia diz serem 7 mil
- Avião da FAB que resgatará brasileiros decola hoje para a Polônia
- Zelensky agradece conselheiros da ONU por votos contrários à Rússia
- Magnata russo denuncia “guerra absurda” e “massacre” na Ucrânia
- Jogador brasileiro que estava na Ucrânia desembarca amanhã no Galeão
- Invasão russa completa hoje um mês e expõe uma Ucrânia devastada
- Ucrânia concorda com negociações sem pré-condições
- Rússia anuncia anexação de quatro regiões ucranianas
O professor Maurício Santoro, do Departamento de Relações Internacionais da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), diz que há similaridade entre os casos, mas ele aponta que o conflito atual tem maiores proporções. “Na Ucrânia, nós estamos falando do maior país que fica integralmente na Europa, porque a Rússia tem uma parte na Ásia, e um país com 45 milhões de habitantes. É outra escala, muita coisa ruim pode acontecer disso. A Ucrânia faz fronteira com vários outros países europeus”, aponta.
Em 2008, a ação se deu na Geórgia, após investida da Otan para que o país viesse a compor a organização. E, em 2014, a possível filiação da Ucrânia à União Europeia resultou na anexação da península da Crimeia ao território russo. “Ao longo desses últimos anos, a Ucrânia continuou um processo de aproximação com o Ocidente e o atual presidente [Volodymyr] Zelensky é bastante crítico à Rússia”, destaca Santoro. Para o professor, “não há ainda uma definição exata de em que esfera de influência eles [Geórgia e Ucrânia] vão permanecer”.
Esforço diplomático
O professor aposentado de História Contemporânea Antônio Barbosa, da Universidade de Brasília (UnB) avalia que tanto o Ocidente quanto a Rússia sabem que existem limites que não podem ser transpostos. “Nós estamos falando de países que têm armas nucleares. Esse limite obviamente não será transposto”. Ele acredita que os esforços diplomáticos devem se voltar para a Ucrânia. “Algo parecido com a Finlândia na época da Segunda Guerra Mundial, a chamada finlandização, ou seja, o país se proclama neutro, vai continuar tendo os interesses ligados ao Ocidente, mas não vai entrar, por exemplo, na Otan.”
Nesse mesmo sentido, Romano considera improvável o envio de tropas da Otan, o que poderia pôr em curso um conflito de escala mundial. “As tropas da Otan vão agir quando tiver um tiro nos territórios dos países da Otan”, aponta. Ele acrescenta que o Ocidente deve abastecer os ucranianos com armamentos, inclusive, por se tratar de um negócio, mas que deve ser suficiente para conter o exército russo, tendo em vista a escala das forças dos dois países. “O Putin sabe disso, eu também acho absolutamente improvável ele atacar qualquer país da Otan, porque aí sim haverá um conflito militar.”
Santoro destaca que isso nem mesmo foi mencionado pelos países da Otan. “Tem essa pressão muito grande em cima da Rússia usando os instrumentos econômicos, mas até agora nada em termos de enviar militares para lá”, aponta. Ele relembra que, no contexto da Guerra Fria, as disputas se davam justamente por meios indiretos, com países aliados, como Vietnã e Coreia. “Não lutando um contra o outro na Europa”.
As sanções econômicas, no entanto, têm se mostrado insuficientes. Uma das ameaças que poderiam conferir maior peso para desestabilização da economia russa, que é a retirada do país do Sistema Swift, também põe em risco outras economias mundiais. “Analistas financeiros já falaram que isso é impossível, porque é uma bomba atômica que pode atingir a economia europeia, tem efeitos imprevistos”, aponta Romano. O professor da UnB também não acredita nesse mecanismo. “A História Contemporânea tem nos ensinado que esses bloqueios praticamente não levam a nada. Nós temos países que estão bloqueados há muito tempo e continuam a viver”, afirma Barbosa.
Desdobramentos
Santoro diz que, nesse momento, o que está em jogo na diplomacia é tentar negociar um cessar-fogo e tentar interromper as hostilidades. “O principal instrumento que o Ocidente tem para fazer isso com a Rússia são pressões econômicas, são ameaças de sanções, principalmente em questões ligadas ao petróleo e gás, que é o principal produto de exportação da Rússia para Europa”. Ele pondera, no entanto, que a dependência europeia do fornecimento de energia russa também é um complicador nesse caso.
“Tudo depende de até onde o governo russo, em particular o Putin, quer ir”, avalia Romano. Para ele, uma solução possível envolve negociação para a permanência das tropas russas em Donbass. “É absolutamente possível, desejável, e assim se espera, que haja um acordo, que o resto da Ucrânia mantenha sua integridade territorial, sua independência garantida”.
O professor da UFABC considera aceitável, no contexto geopolítico, que a Rússia se imponha para impedir o avanço da Otan na região. “Que não haja Otan na fronteira, que não haja mísseis na Polônia, tudo isso é absolutamente legítimo. O que não é legítimo, evidentemente, é invadir outro país e quem paga a conta é a população, os refugiados. Você não consegue controlar, uma vez que você começa uma guerra, você não sabe”, lamenta.