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Economia Domingo, 13 de Novembro de 2022, 11:56 - A | A

Domingo, 13 de Novembro de 2022, 11h:56 - A | A

Economia

“Conflito no Leste Europeu teve bastante influência no comércio entre Brasil e Estados Unidos”, diz representante da Câmara Americana de Comércio

Os dois países intensificaram trocas em 2022 e garantiram segurança para as empresas locais em meio às instabilidades das cadeias de produção internacionais, explica Fabrizio Panzini

Brasil 61
Felipe Moura

Agência Brasil

“Conflito no Leste Europeu teve bastante influência no comércio entre Brasil e Estados Unidos”, diz representante da Câmara Americana de Comércio

A guerra entre Rússia e Ucrânia contribuiu para o recorde histórico de comércio entre Brasil e Estados Unidos nos nove primeiros meses de 2022. Segundo o superintendente de Relações Governamentais da Amcham Brasil,  Fabrizio Panzini,o conflito no Leste Europeu fortaleceu a relação do Brasil com o seu segundo maior parceiro comercial, o que culminou em  aumento de 36% nas trocas entre os dois países.

Até setembro, o comércio entre Brasil e Estados Unidos movimentou US$ 67,3 bilhões. As importações somaram US$ 39,4 bilhões, cerca de 44,1% a mais do que no ano passado. Já as exportações cresceram 26% e totalizaram US$ 27,9 bilhões no período.

Ao Brasil 61, Panzini explica o que está por trás do crescimento significativo do comércio bilateral e como as empresas brasileiras e norte-americanas se tornaram mais seguras diante das instabilidades das cadeias de produção internacionais. Confira a entrevista abaixo.

 

Brasil 61: O que explica esse recorde de comércio de bens entre Brasil e EUA nos nove primeiros meses deste ano?

Fabrizio Panzini: Esse recorde de comércio de bens entre Brasil e Estados Unidos se explica por duas razões principais. A primeira delas é o aumento do preço de alguns bens transacionados, sobretudo em energia, por exemplo, petróleo, gás natural, entre outros, e se explica também pelo aumento das compras do Brasil, sobretudo de produtos que vêm dos Estados Unidos. O aumento da demanda no Brasil por produtos que o Brasil comprava de outras origens. Não só petróleo, mas fertilizantes, entre outros bens que os Estados Unidos passou a ser mais fornecedor do Brasil. Claro que as importações também cresceram do Brasil, mas em uma velocidade um pouco menor do que as importações brasileiras dos Estados Unidos.

Brasil 61: A guerra no Leste Europeu fez com que o fluxo de algum item importante no comércio entre os dois países aumentasse?

Fabrizio Panzini: Sim. O conflito armado que está ocorrendo no Leste Europeu definitivamente teve bastante influência no resultado desses nove meses de comércio entre Brasil e Estados Unidos. E por dois motivos: um porque o Brasil passou a comprar mais dos Estados Unidos produtos que comprava, por exemplo, da Rússia. Fertilizantes, por exemplo. E os Estados Unidos passaram a comprar mais produtos do Brasil que antes eram comprados de outras origens e o principal deles, não único, é o petróleo, mas tem outros bens que por influência da guerra aumentaram de preço. O próprio café, que a gente vende muito para os Estados Unidos aumentou de preço, o próprio petróleo bruto aumentou de preço. A guerra teve uma influência muito importante e isso tem ajudado os países a serem fontes mais seguras no momento turbulento internacional.

Brasil 61: As importações cresceram 44%, segundo a Amcham. Que bens o Brasil tem comprado mais dos EUA?

Fabrizio Panzini: As importações, de fato, foram um grande destaque de crescimento. No último ano já havia sido, mas nesse ano houve um aumento muito expressivo de importações. O primeiro que teve maior aumento foi o óleo bruto de petróleo, com quase 200% de aumento. Depois, a gente teve adubos e fertilizantes, com 160% de aumento. Tivemos também carvão, com 157% de aumento e elementos químicos inorgânicos, com 109% de aumento. Esses elementos químicos inorgânicos, provavelmente, insumos para fabricação de outros bens, alguns relacionados à agricultura, outros não necessariamente.

Brasil 61: Como o comércio entre os dois países contribuiu para a segurança de ambos no cenário internacional?

Fabrizio Panzini: O comércio entre os dois países tem contribuído com a segurança. Esse é um termo que a gente tem usado porque as cadeias globais de valor estão passando por disrupções, por quebras. Isso quer dizer que fornecedores que antes conseguiam fornecer ou estão fornecendo a um preço maior ou com prazos mais dilatados e as empresas perdem a segurança, perdem a previsibilidade em receber esses produtos. Portanto, no momento em que o Brasil acaba comprando menos de outros lugares que se tornaram parceiros menos previsíveis e que os Estados Unidos também têm parceiros menos previsíveis, os dois países aumentaram o comércio entre si em produtos que garantem segurança. No caso, segurança energética, porque aumentou muito as importações e exportações de bens relacionados à energia e segurança alimentar também. O Brasil comprando mais adubos e fertilizantes, mais inseticidas, fungicidas, herbicidas, está contribuindo para a segurança alimentar do Brasil e do mundo todo.

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