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Guerra entre Rússia e Ucrânia pode impactar inflação e PIB no Brasil
O brasileiro ainda sofria com surtos de Covid-19 e os aumentos consecutivos nos índices de inflação quando o presidente russo, Vladimir Putin decidiu invadir a Ucrânia. O ato de guerra afetou instantaneamente o preço internacional do barril petróleo e em seguida, por conta do conflito, também a exportação de fertilizantes do país invadido. Ambas situações atingiram com força a economia brasileira, que já vinha fragilizada pelos dois anos de pandemia. Como consequência, duas semanas após o início do conflito no leste europeu, uma nova alta de preços em cadeia atingiu o país, encabeçada pela gasolina e o diesel. Após hiato de quase dois meses sem aumentos, o preço médio de venda da gasolina da Petrobras para as distribuidoras passou de R$ 3,25 para R$ 3,86 por litro, variação de 18,77%, enquanto o diesel subiu 24,9%. Também derivado do petróleo, o gás de cozinha foi corrigido em R$ 0,67 por quilo.
A. Ramos/Capital News
Posto de combustível
Como mostra reportagem de Rogério Vidmantas para o Capital News, a Petrobras justificou o reajuste como forma de evitar o desabastecimento no Brasil. “Após serem observados preços em patamares consistentemente elevados, tornou-se necessário que a Petrobras promova ajustes nos seus preços de venda às distribuidoras para que o mercado brasileiro continue sendo suprido, sem riscos de desabastecimento, pelos diferentes atores responsáveis pelo atendimento às diversas regiões brasileiras: distribuidores, importadores e outros produtores, além da Petrobras”, anunciava o comunicado da empresa de capital aberto no início de março.
Ainda no mês de março, o mercado financeiro aumentou pela décima primeira vez consecutiva a previsão de inflação para 2022. A projeção divulgada pelo Banco Central, então, foi de 6,86% para fechamento do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) no ano. No mesmo passo, o Comitê de Política Monetária (Copom) elevou a taxa Selic de 10,75% para 11,75% ao ano, como forma reduzir a atividade econômica e conter a alta nos preços. Porém, o prognóstico naquele momento era de ela fecharia o ano em torno de 13%, o que de fato aconteceu. Em sua última reunião, em dezembro, o Copom fixou a taxa Selic em 13,17% para o final de 2022.
Retomada turbulenta e troca-troca na Petrobras
A partir do segundo trimestre, a economia mostrou os primeiros sinais de recuperação. Os números em exportação cresceram, especialmente nos setores que envolvem a agroindústria. Mesmo ainda tímidos, os movimentos animaram o mercado e auxiliaram na desaceleração da inflação.
No final de abril, a Receita Federal divulgou dados do fechamento do primeiro trimestre. A arrecadação de tributos atingiu R$ 548,13 bilhões, com aumento de 11,08% em relação a 2021. Em um recorte apenas de março, os valores chegara a R$ 164,15 bilhões. Um crescimento real de 6,92% em relação ao período homólogo.
Tênia Rêgo/Agência Brasil
Petrobras
Também numa tentativa de conter as seguidas altas nos combustíveis e por pressão dentro do Governo em momento crucial de ano eleitoral, a presidência da República demitiu o presidente da Petrobras, Joaquim Silva e Luna, que estava no cargo a pouco mais de um ano. Durante seu período à frente da estatal, a gasolina subiu 32,3%, irritando o Governo. Seu substituto, José Mauro Coelho, foi nomeado em abril e pouco durou, deixando o cargo no final de junho, como mostrado em reportagem do Capital News à época. Sua saída também se deu por conta da pressão pelo controle mais rígido da escalada de preços dos combustíveis. Coelho foi o segundo presidente com menor tempo à frente da petrolífera em toda a história. Deste então, Caio Mário Paes de Andrade, se manteve à frente da Petrobras como reflexo da aplicação da Lei Complementar nº 194/2022, que estabeleceu o limite de 18% para alíquotas de ICMS nos setores de combustíveis, energia e telecomunicações para conter a inflação e manter o ritmo da retomada do crescimento econômico no país. Como consequência, a pressão sobre a presidência da estatal foi reduzida.
Com as medidas tomadas até junho, a economia brasileira voltou a crescer. Em agosto, a
inflação teve recuo de 0,36%, após queda de 0,68% em julho. A queda se manteve estável até setembro, quando apresentou 0,29%, puxados pelo setor de transporte com os preços mais baixos dos combustíveis.
Deurico/Capital News
OMS espera que fim da pandemia ocorra em 2023, mas vírus não desaparecerá
Famílias no vermelho
Mesmo com pequenas oscilações por conta da subida de preço de produtos alimentícios e a preocupação do setor financeiro sobre o futuro político do país, nos últimos três meses do ano a inflação se manteve estável, um pequeno, mas bem-vindo alívio no bolso do brasileiro, que vem perdendo poder de compra e pagamento de dívidas nos últimos dois anos.
Conforme a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), realizada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo(CNC), a proporção de famílias com dívidas, em atraso ou não, ficou em 78,9% em novembro. A taxa é inferior aos 79,2% de outubro, mas superior aos 75,6% de novembro de 2021.
A parcela das pessoas que se consideram muito endividados aumentou de 14,8% em novembro de 2021 para17,5% em novembro de 2022. O comprometimento médio da renda do brasileiro com dívidas ficou em 30,4%, acimados 30,3% de outubro deste ano e de novembro de 2021, conforme reportagem publicada na primeira semana de dezembro, no Capital News.
Mais dinheiro no bolso em 2023?
Marcello Casal Jr./Agência Brasil
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Na última quinzena de dezembro, o Congresso aprovou o reajuste do salário mínimo para 2023, já com a correção encaminhada pela equipe de transição do novo Governo. A partir de 1º de janeiro, o valor será de R$ 1.320, R$ 18 acima da proposta do governo Bolsonaro, que previa R$ 1.302. O reajuste ficou em 7,4% e garante ao trabalhador um ganho real de 1,5% em relação à inflação acumulada, que atingiu 5,81% no ano.
Reportagem de Rogério Vidmantas para o Capital News detalhou os resultados da Emenda Constitucional da Transição que elevou o teto de gastos da União de R$ 1,8 trilhão para R$ 1,95 trilhão. Além do mínimo, o texto da Emenda também contempla a manutenção e desenvolvimento do ensino, que passou de R$119,8 bilhões para R$ 130,6 bilhões e a aplicação de R$ 173,1 bilhões para ações e serviços públicos de saúde, R$ 23 bilhões acima do valor mínimo exigido para na área, R$ 149,9 bilhões.
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