Campo Grande 00:00:00 Domingo, 24 de Novembro de 2024



Política Quarta-feira, 29 de Agosto de 2018, 10:21 - A | A

Quarta-feira, 29 de Agosto de 2018, 10h:21 - A | A

DENÚNCIA

Ex-assessor acusa Odilon de “inflar dados” e manipular autorização de escutas

Em entrevista, ex-funcionário contou como atuava quando trabalhava com candidato

Leonardo Barbosa
Capital News

Em entrevista publicada pela Folha de São Paulo nesta quarta-feira (29), o ex-assessor do juiz aposentado Odilon de Oliveira, hoje candidato ao Governo do estado pelo PDT, Jedeão de Oliveira, que foi braço direito do magistrado por mais de 21 anos, fez graves acusações à seu antigo chefe, dizendo que o juiz concedia autorizações genéricas para a Polícia Federal fazer interceptações telefônicas, inflava dados de apreensões divulgados à imprensa e abria inquéritos com base em cartas anônimas recebidas pelos Correios.

Deurico/Capital News

Polícia Federal tem novo Superintendente no Estado

O juiz federal aposentado Odilon de Oliveira hoje é candidato ao Governo de Mato Grosso do Sul

Hoje vivendo no Mato Grosso, por conta de ameaças que vem sofrendo, Jedeão foi exonerado do cargo que ocupava na 3ª Vara Federal de campo Grande, após uma apuração interna ter concluído que ele transferiu indevidamente, R$ 53 mil de uma conta judicial para um réu que tinha direito ao mesmo valor.

 

Na entrevista, Jedeão conta que o juiz sempre gostou de mídia e buscava ter o ‘status’ de ser responsável pelas grandes apreensões e combater o crime organizado. “É algo assim como necessidade. A ponto de ele ter que, de repente, inventar coisas para estar na mídia. Por exemplo, inflar ou aumentar o número de bens apreendidos na vara para dizer que ele era o cara que tinha bilhões de valores apreendidos graças ao trabalho contra o crime organizado. Grande parte disso era inventada”, explicou o ex-assessor.

 

Sendo mais específico, o ex-funcionário da Justiça Federal, disse que Odilon chegava a converter a apreensão de documentos em bens materializados. “Eram cinco ou seis aviões e se colocava como 18 aeronaves. Chegava um momento em que ele acreditava que eram 18 aeronaves. Ele chegava a brigar com os funcionários”, contou Jedeão.

 

Arquivo Pessoal/Reprodução

Ex-assessor acusa candidato de “inflar dados” e manipular autorização de escutas

Jedeão de Oliveira quando ainda era funcionário da 3ª Vara Federal de Campo Grande

Em relação a manipulação de das autorizações para interceptação telefônica, o ex-assessor explicou como era o procedimento utilizado pelo magistrado. “A decisão ficava genérica, em aberto. Não aparecia números, só tinha a ordem: Proceda a escuta dos telefones apresentados no anexo da Polícia Federal”, detalhou.

 

Jedeão também explicou a maneira como Odilon abria inquéritos com base em cartas recebidas pelos Correios. “(Era) Uma coisa que acontecia de tempos em tempos, quase que semanalmente… O juiz despachava à PF para a instauração de inquérito e começava o procedimento, bonitinho legal e oficial”, concluiu o ex-assessor.

 

Outro lado

Em resposta, o juiz aposentado Odilon de Oliveira, negou todas as acusações e disse que as declarações ‘têm fundo político’.

 

Em nota, a Superintendência da Polícia Federal respondeu às acusações, dizendo que “em todas as suas investigações, atua dentro da mais estrita legalidade. “Todas as representações e diligências são objeto de controles rígidos, seja internamente (por meio das Corregedorias), seja em âmbito externo pelos órgãos de controle”.

Comente esta notícia


Reportagem Especial LEIA MAIS