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Opinião Segunda-feira, 17 de Julho de 2017, 07:00 - A | A

Segunda-feira, 17 de Julho de 2017, 07h:00 - A | A

Opinião

Violência na escola

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Por Viviane Vaz*
Artigo de responsabilidade do autor

Com toda a discussão envolvendo as questões de violência e indisciplina nas escolas públicas de Mato Grosso do Sul, vem a lembrança de meu trabalho de conclusão de curso sobre os adolescentes e a violência.  Encarar o assunto sempre traz a minha mente o desejo de estudar as dinâmicas e fenômenos. Um princípio que assimilei com minhas observações, é que a violência é um comportamento aprendido, com isto tenho obtido respostas a problemática.

Divulgação

Viviane Vaz - Artigo

Viviane Vaz


Vide o fato de que a infância e adolescência são momentos únicos na vida de uma pessoa. Daí a necessidade de proteção, para a construção do self (ser) e toda sua relação com o mundo de maneira integral. Com o corpo e mente em desenvolvimento, cada detalhe vivido determinará seu futuro. Baseado nisso que até os 18 anos, não se tem tantas responsabilidades, já que essa mente está vulnerável a receber os principais ensinamentos para a vida toda. Dentro desse processo a escola e a família conjugam esse momento tão essencial, norteando esta pessoa juntamente com sua própria personalidade, dons e talentos únicos.  A dependência é uma característica da infância e adolescência, A medida que o desenvolvimento progride, a criança tem um ego relativamente integrado, e com a sensação de que o núcleo do si-próprio habita o seu corpo. Ela e o mundo são duas coisas separadas. A etapa seguinte é conseguir alcançar uma adaptação à realidade. Nesse processo é possível e preciso empodera-los no que diz respeito aos princípios,
direitos e deveres, que o definirão enquanto ser humano.

Uma criança que assiste violência num aparelho eletrônico, que vivencia a violência dos pais, que sofre maus-tratos em casa, que aprende a política do “bateu levou”, obviamente irá reproduzir tais atitudes entendendo que essa é a função e a forma de SER do humano. Ao chegar na escola, essa violência é aguçada pois em comunidade que se aflora os problemas de relacionamento, e irá solucionar da maneira que este aprendeu.

Ao ouvir relatos de crianças que abusam de outra criança, vejo que essa criança que cometeu tal ato libidinoso foi vitima de algum abuso também já que isso não é nato ao ser humano, ela reproduz algo que vivenciou.

 
Qualquer tipo de violência seja física, psicológica, moral ou sexual, gera alguma forma de deficiência (cognitivo, comportamental ou social), ainda é possível incluir as crianças que nascem com algum tipo de desordem ou deficiência como resultado de agressões às mães durante a gravidez. Questões psicológicas e intrínsecas do self, em decorrência de um senso de raiva ou injustiça em relação a figuras percebidas como maléficas. Pessoas agressivas apresentam déficit na internalização de figuras boas, além de um déficit egóico, que se caracteriza por uma ausência da capacidade de reflexão do self e da capacidade de pensar, o que causa implicações diretas na regulação de emoções.

O Estatuto da Criança e Adolescente diz é dever da família, da sociedade e do estado proteger os direitos destes, entretanto é mais fácil abster-se esperando que o outro o faça, e ninguém toma a responsabilidade para si. Seja na Família, na sociedade ou no estado, em algum deste eu e você estamos inseridos, por tanto esse dever é nosso. Não só da escola ou da família, como sociedade podemos e devemos fazer algo para lutar pelos que não sabem que têm direitos, pelos que são reproduções de adultos doentes emocionalmente.

O professor no caso tem um papel essencial pois causa empatia de alguns e pode se tornar agente de proteção, quando percebe os sinais de um aluno com possível conflito interno e registra esse fato, podendo encaminhar para um acompanhamento adequado para a situação. Não cabendo a ele, o papel de realizar o julgamento da situação, muito menos a psicoterapia necessária, o ser agente de proteção serve como um sinalizador para o caminho da restauração.

“Meu bom senso me diz. Saber que devo respeito à autonomia, dignidade e identidade do educando, e na prática procurar coerência com esse saber, me leva inapelavelmente à criação de algumas virtudes ou qualidade sem as quais aquele saber vira inautêntico, palavreando vazio e inoperante. De nada serve, a não ser para irritar o educando e desmoralizar o discurso hipócrita do educador, falar em democracia e liberdade mas impor ao educando a vontade arrogante do mestre.” Paulo Freire

A escola pode propiciar a construção da resolução conflitos gerando habilidades sociais, através de um dialogo humanitário, respeitando as diferenças, buscando soluções em comunidade, oferecendo informações preventivas, proporcionando responsabilidade diante dos prejuízos causados e ressaltando dignidade do educador como profissional idôneo.

É possível transformar o ciclo de violência num ciclo de amor!

 

 

*Viviane Vaz
Psicanalista, Missiologa, Escritora,
Coordenadora do Projeto NOVA e mãe do Kaleb e Rafael.

www.projetonova.com

[email protected]
67 99248-7944

 

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