Embora a Humanidade enfrente hoje grandes e urgentes desafios para evitar a exaustão do Planeta, há boas razões para termos esperança de que a Terra possa ser um ‘lugar’ ainda melhor quando a população alcançar nove bilhões de habitantes, por volta de 2037.
Enquanto no Egito a COP27 concentrava as preocupações mundiais sobre as mudanças climáticas, e em Bali, na Indonésia, se dava a reunião anual do chamado grupo dos 20 (G20), formado pelas 19 principais economias do mundo mais a União Europeia, a ONU informava ao distinto público que a população do Planeta chegou aos oito bilhões de pessoas na última terça-feira, 15 de novembro.
Embora a própria ONU admita não ser possível cravar o exato instante – falam em margem de erro de um ou dois anos – do nascimento 8º bilionésimo habitante da Terra, este 15 de novembro foi considerado “a melhor estimativa da organização para que a marca dos oito bilhões fosse batida”.
De todo modo, a constatação de que a população mundial é formada hoje por oito bilhões de pessoas que, como cada um de nós, têm sonhos, esperanças e necessidades, inerentes a qualquer ser humano, provoca no mínimo uma inquietação sobre o futuro da Humanidade em um planeta cujos recursos têm sido tão intensamente explorados.
Felizmente, cenários apocalípticos, como o ‘imaginado’ pelo escritor Paul Erhlich, que em seu livro ‘The Population Bomb’ (1968) alertava sobre a fome em massa como consequência da explosão demográfica global, foram desmoralizados pelos avanços extraordinários da tecnologia agrícola. E, em menor proporção, também pela desaceleração nas taxas de fertilidade.
Porém, se não há razão para crer em teorias catastrofistas sobre o futuro da Humanidade na Terra, o marco dos oito bilhões de habitantes deve advertir para a necessidade de que, cada vez mais, as questões relacionadas ao meio ambiente – aquecimento global, preservação do meio ambiente, uso racional dos recursos naturais etc. – mobilizem governos nacionais, organismos multilaterais e, especialmente, a ciência e a pesquisa em escala planetária.
Ao considerar que a nova marca do crescimento demográfico global decorre de avanços científicos que refletem na saúde pública (vacinas à frente), na alimentação e no saneamento, resultando na redução de mortalidade e em aumento da longevidade, o secretário-geral da ONU, António Guterres acrescentou a advertência de que “à medida que a família humana cresce, também está ficando mais dividida”.
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Enquanto a população global levou doze anos para crescer de sete bilhões para oito bilhões de habitantes, demógrafos calculam que só em 2037, ou seja, daqui a quinze anos, seremos nove bilhões. O que representa significativa desaceleração do crescimento demográfico, embora de forma muito desigual entre regiões do planeta. Como os países com mais altos índices de fecundidade geralmente são os de menor renda per capita, o crescimento da população global se concentra nas nações mais pobres do mundo, ampliando as desigualdades.
Para o secretário-geral da ONU, “se não reduzirmos o fosso entre os que têm e os que não têm, estaremos construindo um mundo de oito bilhões de pessoas repleto de tensões, desconfiança, crises e conflitos. ” Para delinear esse fosso, Guterres lembra que, à medida que o mundo se tornou mais rico e saudável, as desigualdades se ampliaram: as pessoas nos países mais ricos podem viver até trinta anos mais do que as que nascem em nações pobres.
São circunstâncias não propriamente alvissareiras para o momento histórico em que o Planeta conta o seu 8º bilionésimo habitante. Há, porém, fundadas razões para acreditar que o mundo será um ‘lugar’ ainda melhor quando sua população alcançar nove bilhões de habitantes, por volta de 2037.
Para isso, é fundamental que a civilização contemporânea – ou seja, a Humanidade, cada um de nós – leve em alta conta o que disse Mahatma Gandhi: “O mundo tem o suficiente para as necessidades de todos – mas não para a ganância de todos.”
*Iran Coelho das Neves
Presidente do Tribunal de Contas do Estado de Mato Grosso do Sul.
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