Em maio de 2015, ano da última grande crise hídrica, os reservatórios estavam com 34,6 da capacidade. Na última segunda-feira essa taxa era de 33,7%.
Em artigo recente (9/4) abordamos a questão da escassez hídrica, consequência direta de chuvas abaixo da média em todos os anos da última década no Centro-Oeste e no Sudeste.
Observávamos, então, que se não há riscos imediatos de crise aguda no abastecimento de água em cidades de nossa região, como tem ocorrido em São Paulo, Distrito Federal e Curitiba (atualmente sob severo racionamento), o nível crítico dos reservatórios das hidrelétricas repercute diretamente no bolso de todos nós, com o preço da energia majorado pelo sistema de bandeiras tarifárias.
Destinadas a cobrir os custos do emprego de geração térmica para suprir o déficit das usinas hidrelétricas, as bandeiras tarifárias são utilizadas desde 2015: na cor verde (tarifa sem acréscimo), na amarela (acréscimo de R$ 0,01343 por KWh) e na vermelha, com duas gradações: patamar 1 (majoração de R$ 0,04169 por KWh) e patamar 2 (aumento de R$ 0,06243 por KWh).
A novidade nada animadora é que, diante do que os especialistas classificam como a pior seca da história a castigar áreas de reservatórios do Sudeste e Centro-Oeste, a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) acionou já neste mês a bandeira vermelha nível 1 (acréscimo de R$ 4,17 por 100 KWh consumidos), com perspectiva de permanecer assim o ano todo. Ou até mesmo de ser elevada para o nível 2, a depender do comprometimento das represas.
Para se ter uma dimensão do estágio atual do sistema de geração hidroelétrica, em 10 de maio de 2015, ano da última grande crise hídrica, os reservatórios do Centro-Oeste e do Sudeste estavam com 34,6% da capacidade de armazenamento de água. Na última segunda-feira essa capacidade estava em apenas 33,7%.
Se naquele período a bandeira vermelha vigorou por catorze meses seguidos (janeiro de 2015 a fevereiro de 2016), a expectativa realista é a de que o consumidor tenha pela frente um longo tempo de tarifas majoradas. Até porque o regime hidrológico das duas regiões consideradas 'caixas d’água’ do setor elétrico não comporta chuvas que, a partir de agora, possam melhorar o nível crítico dos reservatórios este ano.
Portanto, é de se lamentar que o consumidor de energia – ou seja, quase toda a população brasileira –, já tão duramente castigado pelas consequências econômicas da longa pandemia de covid-19, tenha de arcar com tarifa majorada para dispor de um bem essencial.
E o cenário ainda pode piorar, pois a Aneel faz consulta pública para aumentar as bandeiras vermelhas 1 e 2, que passariam a R$ 4,60 e R$ 7,57 por 100 KWh, respectivamente. E ainda tem pela frente o reajuste tarifário, aplicado anualmente pelas distribuidoras.
Mesmo tendo em conta que a segurança da geração hidrelétrica depende de ciclos favoráveis de chuvas, especialistas apontam que a falta de planejamento torna mais delicada a situação que o setor vive neste momento. Aliás, alguns deles sustentam que, se não fosse a retração econômica decorrente da pandemia, o país teria corrido o risco de racionamento de energia já em 2020.
O que leva a supor que, caso a escassez de chuvas persista no próximo verão, tal ameaça não estará afastada quando da plena retomada da economia, no momento em que a população brasileira estiver vacinada.
Na visão de estrategistas, falta mais investimentos em usinas eólicas e solares, muito menos dependentes de fatores climáticos e responsáveis por parte substancial do crescimento da oferta de energia nos últimos anos.
- Saiba mais
- O TCE-MS, o eSocial e A Unificação Virtuosa
- Logística reversa: Pacto põe MS na vanguarda da reciclagem de embalagens
- Solidariedade como dever social e ético
- ‘Revoga MS’: Saneamento oportuno
- Enfrentamento da Covid-19 o TCE-MS, a crise sanitária e a responsabilidade permanente
- Um marco de nosso avanço
- Por ampla competição: Orientação do TCE-MS visa sanear licitações
- COVID-19: Mais contagiosa, ômicron desafia o mundo em 2022
- Futuro não é um destino, Mas um lugar a construir
- Pessoas com deficiência: Inclusão enfrenta barreiras
- Tecnologia & cidadania: estrutura virtual a serviço do controle externo eficaz
- O heroísmo dos profissionais da saúde
- 132 anos de república: Radicalismo e valores republicanos
- Pantanal: Ficção e realidade
- Fronteiras da inovação: TCE-MS e governo digital
- Auditor de controle externo: Carreira de estado vital para a governança pública
- Mudança climática: Relevância dos órgãos de controle
- Biênio 2021-2022: no discurso de posse, compromissos renovados
- Com EAD, TCE-MS qualifica a governança
- Tóquio 2020: Evento histórico perdeu oportunidade única
- ADI do PDT abre judicialização
- Violência contra a mulher: Responsabilidade de todos
- Um ano de pandemia: apoio a pequenos municípios será decisivo após covid-19
- TCE-MS avança bases de nova cultura de governança
- LC Nº 31 de 11/10/1977: 44 anos da criação de MS
- Eleições 2022: O perigo da radicalização
- Educação na pandemia: Dois professores, duas histórias dignificantes
- Campanha eleitoral: Que a sensatez permaneça
- LC 173/2020: TCE-MS e MPMS alertam sobre contrapartidas a apoio da união
- O papel decisivo do SUS no combate à Covid-19
- CAEPE/MS: Educação, desafio de todos
- A retomada do Aquário do Pantanal
- Sequela social: pandemia expõe e agrava desigualdades na educação
- Hora é de união de todos contra o inimigo comum
- Saúde, direito de todos: Há 34 anos, constituinte definia princípios do SUS
- Desafio contemporâneo: A relevância institucional do TCE-MS - 2
- Efeito colateral: Ao expor diferentes "brasis", pandemia incita energia social
- Combate à corrupção, desafio civilizatório
- Tensões Institucionais: Democria exige resgatar diálogo
- Um Pantanal, Dois Estados E o Nosso Dever Comum
- Eleições 2022: Sensatez pela democracia
- Cada vez mais frequentes: crises hídricas são alerta de que água é recurso finito
- Covid-19: Consciência cidadã é arma de defesa coletiva
- COP26: O futuro do planeta em debate
- Cobertura da mídia: Guerra na ucrânia eclipsa pandemia
- Crianças e adolescentes: UNICEF Propõe que Municípios Reduzam Índices Sombrios
- MS, 45 anos: Breve história, grandes avanços
- Desafio do século 21: com vacinas anticovid-19, ciência dá lição de governança global
- A Importância da Prevenção ao Suicídio
- Pesadelo real: Fome no Brasil é drama diário de 19,3 milhões
- Pandemia impõe revisão de valores como tributo
- Censo escolar 2021: Um inventário desafiador
- Combate à corrupção: rede de controle de MS inspira programa nacional
- TCE-MS, 40 anos: Homenagear nossa história é preparar o futuro no presente
- Setembro Amarelo: Prevenção ao suicídio, um desafio de todos
- Alimentação escolar: Garantir nutrição adequada é dever do gestor público
- SÍMBOLOS NACIONAIS: Civismo, a essência da nacionalidade
- Campo Grande, 123 anos: Capital do nosso orgulho
- 1º de maio: com 14,3 milhões sem emprego, difícil festejar o dia do trabalho
- Profissionais da saúde mostram que humanidade pode ser melhor
- Governança pública: Por uma cultura da integridade
- Decisão do INEP: Desafio urgente para a educação
- Reconhecimento: Servidor público, agente da cidadania
- Os TCs e a democracia: Artigo traz reflexão oportuna
- Marechal da paz: Nossa dívida com rondon
- Marco da humanidade: Já somos oito bilhões
- Pandemia: Vacina contra Covid-19 é bem público essencial
- O incentivo à doação de órgãos
- LGDP: Por uma cultura da proteção de dados
- Ideias convergentes sobre o legado do SUS
- Fogo no Pantanal: Sinais de alerta para tempos desafiadores
- Pandemia: que papel teremos quando a tragédia virar história?
- O papel transformador do “TCE-MS Sem Papel”
- Cultura da inovação: Déficit de TI desafia pequenos municípios
- Busca ativa escolar: Responsabilidade com o futuro
- Recondução Amplia Empenho Pela grandeza da Corte
- Eleição e governança: Serviço público e democracia
- Distância Salutar
- PNPC: Informação como arma contra a corrupção
- SUS deve ser robustecido para desafios pós-pandemia
- O perigo do radicalismo ideológico
- Risco real: Radicalismo ideológico bloqueia diálogo sensato
- Covid-19 “suspendeu” calendário gregoriano
- Corredor bioceânico: Fórum é marco de avanço
- Gastos emergenciais: A relevância do tce-ms no contexto da pandemia
- Mudança de Paradigmas
- MS lidera perda: Água de superfície: o Desastre além do fogo
- O TCE-MS em 2021: Um ano de respostas aos desafios
- Localização e Nome Atestam a Notável Visão do Fundador
- Duas presidenciáveis: Protagonismo da mulher sul-mato-grossense
- Caso Henry: violência contra a criança não distingue classe social
- Sem precedente, crise do COVID-19 testa nosso senso de humanidade
- Violência na fronteira: Escalada exige pacto binacional
- Guerra na Ucrânia: Insensatez dos homens, provação para mulheres
- Eleições 2020: município é espaço vital para efetivação da plena cidadania
- Desenvolvimento de MS: Educação, fator decisivo
- Voto feminino, 92 anos: História de lutas e conquistas
- Agenda 2030 da ONU: desenvolvimento sustentável é desafio comum e urgente
- A Política da Boa Gestão
- A dança dos Insensatos: Festas clandestinas “celebram” a morte
Com gargalos no sistema de transmissão, um quarto das termelétricas indisponível no momento, e a Petrobras prevendo parar em agosto, para manutenção, o campo de Mexilhão (SP), um dos principais produtores de gás natural – a fonte térmica mais barata –, o panorama energético do país gera sérias preocupações.
Para os que confundem alerta com ‘alarmismo’, é bom lembrar que foi o próprio presidente Jair Bolsonaro quem deu contornos sombrios aos riscos de uma potencial crise de abastecimento energético:
Depois de dizer a apoiadores, na última segunda-feira, que o problema é sério e vai dar “dor de cabeça”, o presidente da República foi enfático: “Só (estou) avisando: (é) a maior crise (de) que se tem notícia hoje.”
Não há motivo para pânico, dizem as autoridades governamentais do setor. Pelo visto, não convenceram o chefe.
*Iran Coelho das Neves
Presidente do Tribunal de Contas do Estado de Mato Grosso do Sul.
• • • • •
A veracidade dos dados, opiniões e conteúdo deste artigo é de integral responsabilidade dos autores e não reflete, necessariamente, a opinião do Portal Capital News |