Com decisiva participação do TCE-MS, iniciativa de Mato Grosso do Sul levou o TCU a formular projeto nacional para prevenção da corrupção em todos os estados.
Embora passíveis de controvérsias, estimativas elaboradas por especialistas, com a chancela de instituições de renome e de organismos multilaterais, apontam que os recursos desviados pela corrupção no Brasil equivalem a algo entre 2,3% e 5% de nosso Produto Interno Bruto (PIB).
Ou seja, tomando-se como base o PIB de 2019, o assalto reiterado aos cofres públicos pode ter alcançado astronômicos R$ 365 bilhões anuais. Aliás, já em 2017 o economista Cláudio Frischtak estimava que, somente em relação às obras de infraestrutura contratadas nas três esferas de governo, os ralos da corrupção drenavam R$ 300 bilhões por ano.
Apontado em 2017 pelo Fórum Econômico Mundial como o quinto país mais corrupto do mundo, o Brasil acaba de registrar uma pequena e pouco significativa evolução: desloucou-se da 106ª posição, em 2019, para a 94ª, em 2020, no Índice de Percepção da Corrupção (IPC) da Transparência Internacional, que avalia 180 países. No ranking, zero significa que um país é percebido como ‘altamente corrupto’, e 100 reconhece aquele ‘muito íntegro’.
Ainda assim, o Brasil segue atrás de Colômbia, Turquia e China, e a nota que alcançou – 38 pontos, três a mais que em 2019 – é a mesma registrada em 2015, o que significa que continua estagnado em relação à agenda de combate à corrupção sistêmica.
A propósito, em fundamentado artigo (‘Uma Estratégia Preventiva Contra a Corrupção’, Revista do TCU), Mário Júnior Bertuol e Tiago Modesto Carneiro da Costa apontam que apesar de avanços significativos, como a edição de leis e decretos que asseguram a atuação de forças-tarefa para punir agentes públicos e privados e recuperar parte importante dos recursos desviados, persiste um “vácuo” nas instituições brasileiras voltadas para o combate à corrupção.
Para os autores, tal “vácuo” pode ser preenchido com adoção de uma estratégia nacional de vocação preventiva, que induza os órgãos públicos “dos três entes e de todos os poderes” a estabelecer “níveis de susceptibilidade à fraude e à corrupção similares aos dos países mais desenvolvidos”.
- Saiba mais
- A Importância da Prevenção ao Suicídio
- Pandemia impõe revisão de valores como tributo
- TCE-MS, 40 anos: Homenagear nossa história é preparar o futuro no presente
- SÍMBOLOS NACIONAIS: Civismo, a essência da nacionalidade
- Profissionais da saúde mostram que humanidade pode ser melhor
- Guerra na Ucrânia: Insensatez dos homens, provação para mulheres
- A dança dos Insensatos: Festas clandestinas “celebram” a morte
- Desenvolvimento de MS: Educação, fator decisivo
- Um ano de pandemia: apoio a pequenos municípios será decisivo após covid-19
- Corredor bioceânico: Fórum é marco de avanço
- Declínio da pandemia: Sensação de alívio não descarta cuidados e solidariedade
- O TCE-MS em 2021: Um ano de respostas aos desafios
- Energia mais cara: nível crítico de represas põe em alerta o sistema elétrico
- Duas presidenciáveis: Protagonismo da mulher sul-mato-grossense
- Bacia do prata: Infraestrutura e integração
- Agenda 2030 da ONU: desenvolvimento sustentável é desafio comum e urgente
- SUS deve ser robustecido para desafios pós-pandemia
- O incentivo à doação de órgãos
- Ideias convergentes sobre o legado do SUS
- O papel transformador do “TCE-MS Sem Papel”
- Recondução Amplia Empenho Pela grandeza da Corte
- Distância Salutar
- O contágio das mentes: A politização da pandemia e o risco de graves “sequelas sociais”
- Revisionismo histórico: Tiradentes, um mártir em questão?
- STF anula aumento a servidores: Recomendação TCE-MPMS alertou para ilegalidade
- Voto feminino, 92 anos: História de lutas e conquistas
- Cada vez mais frequentes: crises hídricas são alerta de que água é recurso finito
- Mortes violentas: Tragédia brasileira
- Volta às escolas: A retomada do ensino presencial
- Qualidade do gasto público: Ainda sobre a relevância dos TCS para a democracia
- Crianças sem futuro: trabalho infantil desafia e constrange todos nós
- Garantia de qualidade: Reconhecimento e estímulo
- O perigo do radicalismo ideológico
- Covid-19 “suspendeu” calendário gregoriano
- Mudança de Paradigmas
- Localização e Nome Atestam a Notável Visão do Fundador
- Sem precedente, crise do COVID-19 testa nosso senso de humanidade
- Eleições 2020: município é espaço vital para efetivação da plena cidadania
- Encontro nacional: Em pauta, TCs e democracia
- Enfrentamento da Covid-19 o TCE-MS, a crise sanitária e a responsabilidade permanente
- Brasil contemporâneo: O fenômeno dos ‘gurus’ digitais
- Por ampla competição: Orientação do TCE-MS visa sanear licitações
- Desafio contemporâneo: A relevância institucional do TCE-MS
- 1º de maio: com 14,3 milhões sem emprego, difícil festejar o dia do trabalho
- Marco do saneamento, dois anos: Avanços e percalços
- 132 anos de república: Radicalismo e valores republicanos
- TCE-MS e os desafios contemporâneos: Uma tarefa transformadora
- Logística reversa: Pacto põe MS na vanguarda da reciclagem de embalagens
- A Política da Boa Gestão
- Consórcios intermunicipais podem ser saída para escassez de recursos
- 2020: Eleições municipais e 40 anos do TCE-MS
- Campanha excepcional deve ater-se a ideias e propostas
- Capacitação de gestores previne ilegalidades no combate à Covid-19
- Biênio 2021-2022: no discurso de posse, compromissos renovados
- Pantanal: Ficção e realidade
- Tóquio 2020: Evento histórico perdeu oportunidade única
- Fronteiras da inovação: TCE-MS e governo digital
- Pandemia: que papel teremos quando a tragédia virar história?
- ‘Revoga MS’: Saneamento oportuno
- LC Nº 31 de 11/10/1977: 44 anos da criação de MS
- COVID-19: Mais contagiosa, ômicron desafia o mundo em 2022
- LC 173/2020: TCE-MS e MPMS alertam sobre contrapartidas a apoio da união
- Pessoas com deficiência: Inclusão enfrenta barreiras
- CAEPE/MS: Educação, desafio de todos
- Um passo importante
- Cartilha do TCE-MS visa garantir transição segura nos municípios
- Com EAD, Programa do TCE é Instrumento de Vanguarda
- Um Olhar Sobre a Tragédia Pantaneira
- MS tem 38,29% da população carcerária trabalhando
- A MULHER NA POLÍTICA: Sub-representação Feminina É Desafio Contemporâneo
- Efeito colateral: Ao expor diferentes "brasis", pandemia incita energia social
- Auditor de controle externo: Carreira de estado vital para a governança pública
- Tensões Institucionais: Democria exige resgatar diálogo
- Mudança climática: Relevância dos órgãos de controle
- Caso Henry: violência contra a criança não distingue classe social
- Violência contra a mulher: Responsabilidade de todos
- COP26: O futuro do planeta em debate
- Eleições 2022: O perigo da radicalização
- Sequela social: pandemia expõe e agrava desigualdades na educação
- Campanha eleitoral: Que a sensatez permaneça
- O TCE-MS, o eSocial e A Unificação Virtuosa
- Solidariedade como dever social e ético
- Um marco de nosso avanço
- Futuro não é um destino, Mas um lugar a construir
- O heroísmo dos profissionais da saúde
- MS, 45 anos: Breve história, grandes avanços
- Dia internacional da mulher: igualdade de gênero é conquista em construção
- Saúde, direito de todos: Há 34 anos, constituinte definia princípios do SUS
- Setembro Amarelo: Prevenção ao suicídio, um desafio de todos
- Desafio contemporâneo: A relevância institucional do TCE-MS - 2
- Pantanal: MPEs unem MS e MT em defesa do bioma
- Eleições 2022: Sensatez pela democracia
- Governança pública: Por uma cultura da integridade
- Desafio do século 21: com vacinas anticovid-19, ciência dá lição de governança global
- Cobertura da mídia: Guerra na ucrânia eclipsa pandemia
- Pesadelo real: Fome no Brasil é drama diário de 19,3 milhões
- Com EAD, TCE-MS qualifica a governança
- ADI do PDT abre judicialização
- TCE-MS avança bases de nova cultura de governança
- Educação na pandemia: Dois professores, duas histórias dignificantes
Dentre as inúmeras iniciativas dessa estratégia, Bertuol e Costa apontam o que chamam de ‘redes de controle’ ou ‘fóruns locais’, que aglutinam controladorias, tribunais de contas, ministérios públicos, polícias judiciárias, associações empresariais, entidades de controle social e outros interessados no controle da gestão pública. Em seguida destacam:
“Dentre as várias contribuições trazidas por esses fóruns, vale destacar a recente experiência realizada pela Rede de Controle da Gestão Pública de Mato Grosso do Sul, onde atuaram, de forma conjunta e coordenada, o Tribunal de Contas da União (TCU), a Controladoria Geral da União (CGU), o Tribunal de Contas do Estado de Mato Grosso do Sul (TCE/MS), a Controladoria Geral do Estado de Mato Grosso do Sul (CGE/MS) e Controladoria Geral de Fiscalização e Transparência de Campo Grande/MS (CGM), com o objetivo de avaliarem a suscetibilidade à fraude e corrupção das estruturas federais locais e das instituições estaduais e municipais daquele Estado (Processo TC 020.829/2017-5 e Acórdão nº 958/2019 do Plenário do TCU)”.
Ainda segundo o artigo, o trabalho da Rede de Controle de Mato Grosso do Sul inspirou um projeto de abrangência nacional patrocinado pelo Tribunal de Contas da União (TCU), destinado a assegurar que todas as redes congêneres, nos demais estados, articulem planos de prevenção de atos de corrupção “nas três esferas de todos os poderes, de forma coordenada e progressiva”.
Assim, mesmo que confrontados com um panorama em que o combate às causas estruturais da chamada corrupção sistêmica ainda esteja na dependência de reformas longamente demandadas, é alentador constatar que o Tribunal de Contas de Mato Grosso do Sul dá contribuição importante para a construção de mecanismos institucionais capazes de reduzir, progressiva e firmemente, a fraude e a corrupção em nosso país.
*Iran Coelho das Neves
Presidente do Tribunal de Contas do Estado de Mato Grosso do Sul.
• • • • •
A veracidade dos dados, opiniões e conteúdo deste artigo é de integral responsabilidade dos autores e não reflete, necessariamente, a opinião do Portal Capital News |